Conhecida por suas ladeiras, arquitetura alemã e potencialidades turísticas, a segunda maior cidade do estado, Cruzeiro do Sul, completa neste sábado, 28, 120 anos desde que foi fundada pelo militar coronel Gregório Thaumaturgo de Azevedo, conhecido por Marechal Thaumaturgo. Na época, a data foi marcada com desfile cívico, discursos de seringalistas e outras personalidades.
Pensada a partir do conceito de torná-la uma fortaleza militar, Cruzeiro do Sul é uma das poucas cidades da Amazônia que foi planejada. O historiador Antônio Franciney Rocha conta que, com medo de que os peruanos invadissem o território já garantido brasileiro pelo Tratado de Petrópolis, Marechal Thaumaturgo foi responsável pelo planejamento da cidade.
“Seria uma forma de impedir que os peruanos mantivessem as pretensões nesse território, que estava em disputa. Por conta do Tratado de Petrópolis, essa área já pertencia ao Brasil, mas precisava ser ocupada de maneira administrativa para afastar de vez as pretensões peruanas. E o hino da cidade conta o início disso tudo. Cruzeiro do Sul nasceu para ser grande”, conta.
A data de fundação, assim como toda a planta da cidade, não foi escolhida por acaso. Rocha relembra que Marechal Thaumaturgo era maçom, com alto grau dentro da organização filantrópica, e escolheu a data porque coincidia com a promulgação da Lei do Ventre Livre, em 28 de setembro de 1871.
A lei abolia gradualmente a escravidão no Brasil. Ela determinava que os filhos de escravizadas nascidos a partir de 1871 seriam considerados livres e foi usada pelo movimento abolicionista para a que escravidão acabasse de vez no Brasil. Também é conhecida como terra dos Náuas, pois era ocupada por indígenas desta etnia, que chegaram a ser considerados extintos por cem anos.
Matéria reprodução da Agência de Notícias do Acre.