Um estudo recente dos pesquisadores Alexandre Pimenta, Esfhan Kherani e Oluwasegun Adebayo, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), trouxe uma descoberta inédita no Brasil: o primeiro registro das chamadas “luzes de terreno” associadas a terremotos, acompanhadas por ondas sonoras.
O fenômeno ocorreu durante o terremoto de Tarauacá, Acre, no início de 2024. Publicado no site da European Geosciences Union no dia 19 de setembro, o estudo revelou que o epicentro do tremor esteve a 607 quilômetros de profundidade, marcando um evento raro e ainda pouco compreendido.
Em termos de energia sísmica, normalmente a maior parte das ondas geradas por um terremoto se propagam pelo interior da Terra. No entanto, em casos excepcionais, parte dessa energia se desloca para a atmosfera, gerando oscilações que afetam densidades de íons e elétrons no plasma ionosférico – uma região da atmosfera altamente carregada de elétrons livres.
Essas perturbações, conhecidas como Distúrbios Cossísmicos Ionosféricos (CIDs), são responsáveis pelos “flashes” visíveis no céu, as chamadas “luzes de terreno”. Este é o primeiro registro do fenômeno no Brasil, e os cientistas acreditam que um novo tremor registrado em Tarauacá no dia 2 de outubro possa ter repetido o mesmo efeito.
Com o auxílio de dados de satélites e da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo de Sistemas GNSS (RBMC), os pesquisadores registraram duas perturbações ionosféricas cossísmicas associadas ao terremoto de 20 de janeiro.
De acordo com Leandro Ribeiro Nogueira, professor de Geografia e mestre em Ensino em Ciências da Saúde e do Meio Ambiente, esses fenômenos, embora raros, são registrados desde a antiguidade.
“A gente tem que imaginar como se alguém tivesse com um grande flash de luz fazendo um raio bem rápido de forma esférica. Esses flashes são relatados desde a antiguidade, mas são raros, com várias aparências; podem ser brilhos esféricos, colunas luminosas. Podem variar de cores, tamanho, durando apenas milissegundos”, disse.