Rio Branco, AC, 23 de janeiro de 2025 19:37
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Burocracia em excesso no SAMU pode ter levado bebê de 11 meses a óbito, após queimaduras de 2º grau 

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Nicolas Iglessia da Silva, de apenas 11 meses, morreu na noite da última quarta-feira, 15, no Pronto-Socorro de Rio Branco (PS), após sofrer queimaduras de 2º grau e enfrentar uma série de supostas falhas no atendimento médico. A criança estava internada no Hospital Ari Rodrigues, em Senador Guiomard, e foi transferida para Rio Branco devido ao agravamento de seu estado de saúde.

De acordo com familiares, o acidente ocorreu na casa da mãe de Nicolas, na Vila Caquetá, município de Porto Acre. Enquanto preparava brigadeiro, ela colocou a panela quente sobre a mesa, e o bebê acabou derrubando o conteúdo sobre o rosto, sofrendo queimaduras graves.

A mãe levou a criança em um carro particular ao Hospital Ari Rodrigues às 15h30. No entanto, durante o início da noite, o quadro clínico de Nicolas se agravou, exigindo intubação imediata. A regulação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) autorizou a transferência apenas com uma ambulância de suporte básico, sem interceptação ou envio de uma ambulância de suporte avançado, crucial para casos de alta gravidade como o de Nicolas.

A criança chegou ao PS às 21h10 em estado crítico, apresentando queimaduras de 2º grau no rosto, edema periorbital e de lábios, além de lesões bolhosas. Segundo a médica plantonista, Nicolas também desenvolveu edema de glote, que comprometeu gravemente sua respiração.

Diante da situação, a médica Ozélia Paula pediu apoio à plantonista do Samu, Drª Nádia, que é pediatra. Ao acionar os demais socorristas do SAMU para se deslocarem ao Pronto-Socorro e ajudarem no atendimento de Nicolas, um enfermeiro teria se recusado a ir ao hospital, alegando que a ocorrência não havia sido gerada no sistema. Em outras palavras, a regulação do SAMU não teria solicitado oficialmente o atendimento, e, por protocolo, médico, enfermeiro e condutor só podem se deslocar juntos para as ocorrências.

Em meio à discussão no SAMU e considerando que a prioridade é salvar vidas, a médica Nádia pegou seu veículo particular e se deslocou até o hospital, deixando para trás toda a sua equipe plantonista. A criança foi intubada pelas médicas. No entanto, após alguns minutos, Nicolas sofreu uma parada cardiorrespiratória e morreu. 

Funcionários do PS afirmaram que a intubação deveria ter sido realizada no Hospital Ari Rodrigues, mas de acordo com informações fornecidas pela família, o médico responsável reconheceu não possuir treinamento para o procedimento.

A morte do pequeno Nicolas expõe falhas graves na estrutura de atendimento médico e na coordenação dos serviços de emergência, levantando questionamentos sobre protocolos e capacitação das equipes envolvidas.

Familiares registraram um boletim de ocorrência, e o caso será investigado pela Polícia Civil.