Rio Branco, AC, 22 de janeiro de 2025 13:14
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“Ela tinha medo, mas não falava”, diz irmã de jovem morta por ex-namorado no interior do Acre

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Com indignação e dor, a família de Graziele Lima de Oliveira, de 19 anos, lida com o brutal feminicídio que abalou a cidade de Mâncio Lima, no interior do Acre. A jovem foi assassinada a facadas na última sexta-feira (17) pelo ex-namorado, Pedro Tarik, que não aceitava o fim do relacionamento.

Tatiane Oliveira, irmã da vítima, foi a primeira da família a ver o corpo da jovem. Ela relatou que Graziely era reservada e nunca havia contado sobre violências explícitas no namoro, mas a família percebia sinais preocupantes.

“Ele falava que, se ela não voltasse, ia se matar. Ela não falava nada, era muito fechada. Mas dava para perceber. Ele veio aqui três dias antes do crime para ameaçá-la. No dia do ato, estava esperando eu sair de casa. Ele já veio decidido a fazer isso”, relatou Tatiane.

A perseguição após o término

O relacionamento entre Graziele e Tarik aconteceu entre o início e o fim de 2023. Após o término, o rapaz passou a persegui-la com mensagens e visitas à casa da família para pressioná-la a reatar. Cansada da situação, Graziely mudou-se para Cruzeiro do Sul, cidade vizinha, onde cursava o ensino médio. Ela estava de férias em Mâncio Lima e planejava voltar aos estudos nas próximas semanas.

Na sexta-feira (17), Tarik convenceu Graziele a sair de casa. Pouco depois, o corpo da jovem foi encontrado próximo à casa dele. A polícia localizou o suspeito na noite de sábado (18), em uma fazenda onde estava escondido. Ele confessou o crime e alegou que teria agido por ciúmes após descobrir uma suposta traição. Porém, familiares e amigas da vítima negam essa versão.

Ciúmes e ameaças constantes

Tatiane revelou que o comportamento controlador de Tarik já era notado durante o namoro. “Ela terminou porque ele era muito ciumento. No dia do crime, ela deixou o celular e a porta de casa abertos, o que não era do feitio dela. Ele já vinha ameaçando”, contou.

A família também relatou que Graziele evitava confrontos e tinha medo de uma possível retaliação. “Ele não aceitava o fim e fazia de tudo para intimidá-la. Infelizmente, ela estava de volta a Mâncio Lima quando isso aconteceu”, lamentou a irmã.

Prisão do suspeito

Tarik foi preso após quase 24 horas foragido, em uma operação conjunta da Polícia Civil e do Grupo Especial de Fronteira (Gefron). Segundo o delegado Marcílio Laurentino, o acusado não resistiu à prisão e será indiciado por feminicídio, podendo pegar até 30 anos de prisão.

O crime reacende o alerta para os casos de violência contra mulheres no estado do Acre. Graziele é lembrada pela família como uma jovem alegre e sonhadora, que queria concluir os estudos e buscar uma vida melhor. “Ela tinha um futuro brilhante pela frente, mas foi impedida de vivê-lo por causa da obsessão de uma pessoa”, finalizou Tatiane.

Casos como o de Graziele reforçam a necessidade de políticas públicas para proteção de mulheres em situação de risco. No Brasil, a Lei Maria da Penha e canais como o Disque 180 oferecem suporte e orientações para vítimas de violência doméstica.