Rio Branco, AC, 19 de abril de 2025 07:28
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Michelle Melo adota discurso contraditório sobre demissões na saúde do Acre, após cobrar que aprovados no processo seletivo fossem convocados

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A recente postura da deputada estadual Michelle Melo (PDT) em relação às contratações e demissões no setor de saúde do Acre tem gerado comentários entre servidores e gestores públicos. A parlamentar, que já ocupou cargo de gestão na saúde, agora adota uma narrativa contraditória ao se manifestar contra a exoneração de servidores emergenciais justamente uma etapa necessária para a convocação dos aprovados no último processo seletivo, pauta que ela própria defendeu com vigor tempos atrás.

Michelle, que atuou dentro da estrutura da administração da saúde pública acreana e conhece perfeitamente a limitação orçamentária e legal para manter contratos temporários enquanto se nomeiam novos aprovados, tem surpreendido ao se opor à substituição dos profissionais emergenciais pelos novos selecionados, por meio da demissão.Tal comportamento evidencia, no mínimo, uma falta de coerência ou, pior, uma tentativa de agradar a todos ao custo da credibilidade e da responsabilidade com a gestão pública.

É importante lembrar que a deputada foi uma das vozes mais ativas cobrando a convocação imediata dos profissionais aprovados no processo seletivo da saúde.

Contudo, a mesma deputada agora volta atrás e critica a demissão de servidores contratados em caráter emergencial, como se fosse possível manter ambos os quadros ativos de maneira simultânea e indefinida. A posição é, no mínimo, tecnicamente irresponsável, sobretudo para alguém que já ocupou funções estratégicas na gestão estadual da saúde e compreende os limites impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal e pelos próprios termos legais do contrato temporário.

A demissão dos servidores emergenciais, embora delicada, é uma consequência esperada e planejada. A contratação emergencial, por definição, tem prazo e finalidade específicos: suprir lacunas até que um processo seletivo ou concurso possa ser concluído. Quando o seletivo foi finalizado, a substituição passou a ser não apenas necessária, mas legalmente obrigatória. Fingir surpresa diante desse movimento é fechar os olhos para a realidade administrativa, ou distorcer propositalmente os fatos em nome de interesses políticos de curto prazo.

É legítimo que parlamentares se preocupem com os impactos sociais da saída de trabalhadores temporários. Mas é também dever dos mesmos prezar pela responsabilidade administrativa e pela boa gestão pública. Michelle Melo, ao tentar defender dois discursos opostos simultaneamente, termina por descredibilizar ambos, e mostra ao eleitor acreano que sua atuação pode estar mais comprometida com a conveniência política do que com a coerência institucional.

Em tempos de debates intensos e decisões complexas na gestão pública, é fundamental que os representantes da população mantenham posições firmes, técnicas e fundamentadas. A saúde pública merece respeito. E o povo do Acre, também.