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Deputados fazem jogo duplo e pedem convocação de concursados, enquanto discursam sobre manutenção dos contratos temporários na saúde

Os mesmos deputados estaduais que fazem discursos enfáticos na Assembleia Legislativa do Estado do Acre (ALEAC) cobrando do governo a convocação de candidatos aprovados em cadastro de reserva em concurso público são os que, agora, defendem a manutenção dos contratos temporários na área da Saúde.

A contradição ficou evidente durante reunião da Comissão de Saúde e Assistência Social da Aleac, realizada na manhã desta terça-feira (15). O encontro contou com a participação de representantes dos sindicatos da Saúde, do governo e de parlamentares, para discutir o encerramento dos contratos temporários firmados de forma emergencial durante a pandemia de Covid-19.

O presidente da comissão, deputado Adailton Cruz (PSB), e a vice-presidente, Michelle Melo (PDT), foram favoráveis à prorrogação desses contratos — o que, na prática, impede o governo de nomear os aprovados no concurso público.

Durante a reunião, o secretário de Estado de Saúde, Pedro Pascoal, explicou que o encerramento antecipado dos contratos temporários se deu por força de um movimento da própria Assembleia Legislativa, que cobrou o chamamento dos aprovados no cadastro de reserva. “No edital estava claro que cadastro de reserva não é vaga prevista em lei. Fizemos a convocação de acordo com a aprovação do deputado Adailton, deputado Edvaldo, deputada Michelle e demais parlamentares. Mas isso estava condicionado a: se eu chamo um efetivo, tenho que desligar um emergencial”, pontuou Pascoal.

Segundo o secretário, mesmo que houvesse vontade política por parte do governo, não seria possível manter os dois grupos — concursados e temporários — simultaneamente, em razão dos limites fiscais e legais impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e pelo acórdão firmado junto ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), que determina a substituição de servidores temporários por efetivos.

“Inicialmente, empossamos 690 profissionais e seguimos com as nomeações, tanto das vagas já previstas quanto do seletivo simplificado, que também tinha o objetivo de suprir as deficiências e regularizar a situação emergencial. O fato é que contrato emergencial, como determina o acórdão e a própria Constituição, é temporário e excepcional”, reforçou.

Pascoal afirmou compreender a situação delicada dos profissionais temporários que estão sendo desligados, mas lembrou que os diretores das unidades de saúde foram informados sobre a convocação dos concursados, incluindo aqueles que ocupavam vagas de vacância ou oriundas do seletivo simplificado. Ele garantiu ainda que todos os direitos trabalhistas dos servidores temporários serão respeitados.

Por fim, o secretário destacou a preocupação do governo com a continuidade dos serviços, especialmente nas unidades de alta complexidade e setores de emergência. Segundo ele, o assunto está sendo analisado em conjunto pela Procuradoria Geral do Estado (PGE), Secretaria de Estado de Administração (Sead) e Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre).