Rio Branco, AC, 24 de abril de 2025 22:55
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Por que se come peixe na Sexta-feira Santa? Entenda o significado e a tradição cristã

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Em meio às celebrações da Semana Santa, uma prática chama atenção em várias famílias brasileiras, que é a substituição da carne vermelha pelo peixe, especialmente na Sexta-feira Santa. Mais do que uma simples tradição culinária, o costume tem raízes profundas na fé cristã e carrega séculos de história, simbolismo e reflexão espiritual.

A Sexta-feira Santa marca, para os cristãos, o dia em que Jesus Cristo foi crucificado. Por isso, a abstinência de carne vermelha tornou-se um gesto de respeito e luto pelo sacrifício de Cristo. Na tradição cristã, a carne vermelha sempre esteve associada ao luxo, à celebração e à fartura. Elementos considerados inadequados para um dia dedicado à introspecção, à penitência e à reflexão espiritual.

Evitar esse alimento, portanto, simboliza não apenas o luto pela morte de Jesus, mas também o desapego às vaidades e aos prazeres mundanos, convidando os fiéis a um momento de recolhimento e espiritualidade.

Diante da abstinência de carnes nobres, o peixe tornou-se a alternativa preferida, tanto por sua simplicidade quanto pelo seu valor simbólico. Historicamente, o peixe era mais acessível, especialmente para as camadas mais humildes da população.

Além disso, o alimento tem forte ligação com a vida e os ensinamentos de Jesus. Passagens bíblicas como a multiplicação dos pães e dos peixes e o fato de vários apóstolos serem pescadores reforçam esse elo. No cristianismo, o peixe também foi adotado como um dos primeiros símbolos da fé cristã, representando humildade, esperança e renovação espiritual.

A prática de evitar carne na Sexta-feira Santa remonta aos primeiros séculos do cristianismo. No século XI, o Papa Urbano II oficializou essa tradição como um ato de penitência, e desde então ela se espalhou por diversas culturas cristãs ao redor do mundo.

No Brasil, o costume atravessou gerações e regiões. Durante a Semana Santa, pratos tradicionais à base de peixes ganham espaço à mesa, reforçando a influência religiosa e cultural dessa prática, que ultrapassa o aspecto religioso e se torna também uma expressão de identidade cultural.

Mais do que uma troca no cardápio, comer peixe na Sexta-feira Santa é, para muitos, um ato de fé e respeito. A tradição resiste ao tempo porque carrega valores que ainda ecoam, sendo estes o sacrifício, a humildade, a reflexão e a renovação espiritual.

Num mundo cada vez mais acelerado, essa prática convida à pausa, à memória e ao resgate do verdadeiro sentido da Semana Santa, não apenas como celebração, mas como renovação de valores humanos e espirituais.