Rio Branco, AC, 23 de maio de 2025 17:56
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Defesa de policial penal preso após caso na Expoacre alega legítima defesa, e questiona ausência de novos fatos para manutenção da prisão

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O policial penal Raimundo Neto, ex-diretor de presídio no Acre, segue preso preventivamente desde novembro de 2023 em razão de um episódio ocorrido na última noite da Expoacre do mesmo ano. Segundo a defesa do acusado, a prisão permanece vigente mesmo sem a apresentação de novos elementos no processo que justifiquem sua continuidade.

De acordo com documentos do Tribunal de Justiça do Acre, a prisão de Raimundo foi decretada em 2ª instância após o Ministério Público recorrer da decisão que havia concedido liberdade provisória. O juiz de 1º grau, Fábio Alexandre Costa de Farias, confirmou a manutenção da custódia em 25 de abril de 2025, esclarecendo que o fez apenas para cumprir a determinação superior, e não por surgimento de fatos novos relevantes.

Defesa aponta contradições e fala em perseguição

A defesa de Raimundo Neto sustenta que ele agiu em legítima defesa após ter sido perseguido e agredido por um grupo de seis pessoas, entre elas as vítimas Wesley Santos da Silva, de 20 anos, e Rita de Cássia, de 18. Os disparos, afirma o advogado Wellington Silva, ocorreram apenas após as agressões, tendo como alvo os membros inferiores e a linha da cintura, com o objetivo de neutralizar o ataque.

Ainda segundo a defesa, o desentendimento teria começado dentro do bar Tardezinha, no Parque de Exposições, após uma discussão iniciada por Silas, tio de Raimundo. Os relatos iniciais responsabilizavam o policial penal por um ato de importunação sexual, mas depoimentos posteriores teriam indicado que o autor da conduta foi, na verdade, o próprio Silas.

Após serem retirados do bar, Raimundo e Silas teriam tentado deixar o local quando foram perseguidos por Wesley, Rita e outros quatro indivíduos. Os disparos, conforme a investigação, não ocorreram em frente ao bar Tardezinha, como inicialmente relatado, mas a cerca de 60 metros dali, nas proximidades do bar QGVI e do restaurante JB Grill, ainda dentro do Parque.

Trajeto das vítimas reforçaria tese da defesa

Outro ponto citado pela defesa é o trajeto adotado pelas vítimas após deixarem o bar. Ao invés de se dirigirem ao ponto de embarque de transporte por aplicativo — que opera na entrada principal do Parque — os jovens seguiram para os fundos do local, no mesmo caminho tomado por Raimundo e Silas. Para o advogado de defesa, esse comportamento reforça a tese de perseguição, e não de emboscada, como sugerido anteriormente.

“O meu cliente foi agredido dentro e fora do bar. Reagiu utilizando os meios que dispunha no momento, dentro dos limites legais. Essa é a realidade dos fatos, como demonstram os autos”, declarou o advogado Wellington Silva.

Imagens de vigilância desaparecidas

A defesa também questiona o desaparecimento das imagens de câmeras de segurança do Parque de Exposições, que poderiam esclarecer a dinâmica dos fatos. Um dos envolvidos, Wesley Santos da Silva, trabalhava na empresa responsável pelo sistema de monitoramento, mas os registros daquela noite não foram entregues às autoridades, o que levanta suspeitas sobre a integridade da versão apresentada pelas supostas vítimas.

Prisão mantida sem fato novo

Raimundo Neto foi preso em flagrante no dia 7 de agosto de 2023, liberado após audiência de custódia, e posteriormente voltou à prisão em 22 de novembro, por determinação do Tribunal. Desde então, permanece detido. Conforme manifestação do juiz de 1º grau, a manutenção da prisão preventiva não se baseia em novos elementos probatórios, mas sim no cumprimento de decisão de 2ª instância.

As investigações seguem em andamento, e a defesa afirma que continuará buscando demonstrar que Raimundo Neto agiu sob ameaça iminente e em estrita legítima defesa.