A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, deixou uma audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado nesta terça-feira (27) após ser alvo de declarações consideradas ofensivas por parte do senador Plínio Valério (PSDB-AM). Durante sua intervenção, o parlamentar afirmou: “Estou falando com a ministra e não com a mulher, porque a mulher merece respeito, a ministra, não” .
Marina Silva havia sido convidada para discutir a criação de unidades de conservação marinha no Norte, tema que gerou debates acalorados sobre exploração de petróleo na Margem Equatorial, o Projeto de Lei do Licenciamento Ambiental e a pavimentação da BR-319. Após a declaração de Valério e a recusa do senador em se retratar, a ministra decidiu se retirar da sessão, afirmando: “Sou ministra de Meio Ambiente, foi nessa condição que eu fui convidada e ouvir um senador dizer que não me respeita como ministra, eu não poderia ter outra atitude” .
Esta não é a primeira vez que Plínio Valério dirige comentários ofensivos à ministra. Em um evento anterior no Amazonas, ele declarou: “Imagine o que é tolerar a Marina seis horas e dez minutos sem enforcá-la” .
Durante a audiência, outros senadores também se manifestaram de forma crítica. O senador Omar Aziz (PSD-AM) atribuiu à ministra a responsabilidade pela aprovação do Projeto de Lei 2.159/2021, que altera as regras do licenciamento ambiental, acusando-a de intransigência e falta de diálogo .
A atitude de Plínio Valério gerou reações imediatas. O senador Rogério Carvalho (PT-SE) defendeu Marina Silva, afirmando que “o debate político pode ser caloroso, pode expressar as divergências, os pontos de vista, mas manifestação de desrespeito é inaceitável” .
Após o ocorrido, a ministra declarou à imprensa: “Eu não poderia ter outra atitude, mas eu dei a chance dele me pedir desculpas” . Ela ressaltou que sua presença na audiência tinha como objetivo defender os recursos naturais brasileiros e buscar soluções sustentáveis: “Eles pensam que estão agredindo uma pessoa. Estão agredindo um povo” .
O episódio reacende o debate sobre o respeito às autoridades e o tratamento dispensado às mulheres em posições de liderança, especialmente em ambientes políticos.