Rio Branco, AC, 21 de junho de 2025 09:41
img_4818-1.jpg

Ataque político nos Estados Unidos deixa dois democratas mortos, e reacende alerta global sobre violência e extremismo

Facebook
X
WhatsApp
Threads

Um ataque armado contra dois parlamentares do Partido Democrata nos Estados Unidos provocou comoção internacional e reacendeu debates sobre a crescente radicalização política e o avanço do extremismo violento no cenário democrático global. Os atentados ocorreram em dois municípios do estado de Minnesota e deixaram ao menos duas vítimas fatais.

A ex-presidente da Câmara Legislativa de Minnesota, Melissa Hortman, de 54 anos, e seu marido, Mark Hortman, foram assassinados dentro da própria residência, em Brooklyn Park. Horas depois, o senador estadual John Hoffman e sua esposa, Yvette Hoffman, foram alvejados em sua casa na cidade vizinha de Champlin. Ambos sobreviveram, mas permanecem hospitalizados.

O suspeito dos ataques, identificado como Vance Luther Boelter, de 57 anos, é ex-agente de segurança e possui histórico de vínculos com órgãos públicos estaduais. Segundo as autoridades, Boelter utilizava um uniforme policial falso, uma viatura descaracterizada e uma máscara de látex para simular a identidade de um agente da lei, facilitando o acesso às vítimas.

Dentro de um veículo abandonado pelo suspeito foram encontrados panfletos de um movimento extremista denominado “No Kings”, além de um manifesto com 70 nomes de alvos políticos, entre eles o governador de Minnesota, Tim Walz, e diversos ativistas ligados à defesa dos direitos reprodutivos e a pautas progressistas.

O FBI está liderando as investigações e oferece recompensa de US$ 50 mil por informações que levem à captura do criminoso, considerado foragido e extremamente perigoso.

O governador Tim Walz declarou luto oficial e classificou o ocorrido como uma “execução política”. Já o líder da maioria democrata no Senado dos EUA, Chuck Schumer, afirmou que se trata de um “assalto deliberado à democracia”.

Especialistas em segurança nacional e estudiosos do extremismo alertam para os sinais claros de terrorismo doméstico coordenado, alimentado por uma combinação de discurso de ódio, desinformação, fundamentalismo político-religioso e cultura armamentista. O ataque, segundo eles, demonstra alto nível de planejamento e intencionalidade política, afastando qualquer hipótese de crime isolado.

O episódio de Minnesota ressoa em outros pontos do mundo onde democracias têm sido tensionadas por atos de violência política. Casos recentes na América Latina incluem a tentativa de assassinato do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o atentado à vice-presidenta argentina Cristina Kirchner e o assassinato da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro.

O avanço da intolerância ideológica, segundo analistas, está deixando de ser uma ameaça difusa e se consolidando como uma rede transnacional de ataques à ordem democrática. Embora com contextos distintos, esses eventos compartilham a lógica da eliminação física do adversário político como forma de silenciamento.

À medida que movimentos extremistas ganham projeção pública e encontram abrigo em setores institucionais, cresce o risco de que a violência seja normalizada como instrumento político. O caso de Minnesota ilustra de maneira trágica os efeitos da erosão dos limites democráticos, em que a divergência cede espaço à intimidação armada.

Mais do que um alerta local, o atentado representa uma ameaça de alcance global. “Não há fronteiras para esse modelo de destruição”, afirmou em nota a Federação Internacional pelos Direitos Humanos. “O que explode em Minnesota ecoa em Porto Alegre, em Buenos Aires, em Paris — e em qualquer lugar onde a democracia esteja em disputa.”

O episódio coloca em pauta a necessidade urgente de políticas públicas que combatam a radicalização, desarmem a retórica de ódio e fortaleçam os mecanismos de proteção institucional, para que o debate político não continue sendo substituído por execuções sumárias.