O Acre abriga mais de 34 mil pessoas vivendo em unidades de conservação (UCs), segundo levantamento inédito do Censo Demográfico 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última sexta-feira (11). Os dados reforçam a importância social e ambiental dessas áreas para a população acreana.
A maior concentração está na Área de Proteção Ambiental da Reserva Extrativista Chico Mendes, que se estende por sete municípios do estado e concentra cerca de 10,2 mil moradores.
No total, 34.300 pessoas vivem em UCs no estado, sendo 19 mil homens e 15 mil mulheres. A maioria da população residente se identifica como parda (25 mil pessoas), e há 2,1 mil indígenas vivendo nessas áreas.
O levantamento foi apresentado durante evento realizado no Anfiteatro Garibaldi Brasil, no campus da Universidade Federal do Acre (Ufac), e representa a primeira vez que o IBGE divulga dados com esse recorte específico.
A importância das unidades de conservação para o Acre
O estado é reconhecido nacionalmente pelo protagonismo na defesa ambiental e pela presença de reservas extrativistas e florestas nacionais onde comunidades tradicionais vivem do uso sustentável dos recursos naturais — como borracha, castanha, pesca e agricultura familiar.
As Unidades de Conservação (UCs) são áreas legalmente protegidas e classificadas em dois grandes grupos:
- Proteção Integral, com restrições severas de uso, voltadas à conservação da biodiversidade;
- Uso Sustentável, que permitem moradia, manejo e exploração consciente dos recursos naturais.
A Reserva Chico Mendes, por exemplo, é uma unidade de uso sustentável, que permite que comunidades extrativistas vivam e trabalhem dentro do território de forma legal e organizada, contribuindo tanto para a preservação ambiental quanto para a manutenção cultural e econômica da floresta.
Panorama nacional
Em todo o Brasil, o IBGE identificou cerca de 12 milhões de brasileiros vivendo em unidades de conservação, o que representa 6% da população nacional. A grande maioria — 99% — vive em áreas de uso sustentável. Apenas 132 mil pessoas moram em UCs de proteção integral, onde o controle sobre a presença humana é mais rigoroso.
O país conta atualmente com 2,3 mil unidades de conservação, sendo que mais da metade (52%) são inabitadas.
Políticas públicas e desafios
O mapeamento detalhado da população residente em áreas protegidas representa um passo importante para o planejamento de políticas públicas específicas, como acesso à saúde, educação, saneamento e infraestrutura. Também fortalece a pauta da regularização fundiária e ambiental, e reconhece o papel das populações tradicionais na preservação da floresta amazônica.