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Por trás das cortinas, o Dia dos Pais vale a metade do dobro do Dia das Mães?

Hoje celebramos o Dia dos Pais, mas é inegável que o Dia das Mães ainda inspira mais atenção, celebração e generosidade do que a data dedicada aos pais. Vejamos por que isso acontece, e como as expectativas sociais moldam essas comemorações

O Dia das Mães foi oficializado em 1914 nos Estados Unidos, com forte mobilização da filha Anna Jarvis e rápida aceitação presidencial. A data ganhou rapidamente apoio popular e comercial. Já o Dia dos Pais demorou mais para se firmar: apesar de sua proposta surgir em 1910, só em 1972 recebeu reconhecimento oficial nos EUA pelo presidente Nixon. Isso criou um descompasso histórico de valorização entre as duas datas.

O gasto com o Dia das Mães é significativamente maior: nos EUA, houve uma diferença de US$ 10,1 bilhões em 2025 entre as duas datas. A celebração tende a ser mais luxuosa e emocional: presentes como joias, flores, cafés da manhã são comuns. Já o Dia dos Pais costuma envolver itens práticos (ferramentas, utensílios) e com menor investimento emocional.

Segundo um estudo da Mount Holyoke College, a comemoração do Dia das Mães dura em média 2 horas a mais que a do Dia dos Pais. Muitas mães recebem mais presentes, em um estudo, apenas uma mãe não ganhou presente, enquanto oito pais ficaram sem presentes. Apesar disso, os pais apresentaram maior satisfação com sua data, possivelmente por terem expectativas mais baixas em relação à celebração.

A maternidade carrega uma carga simbólica forte: mães são predominantemente associadas aos cuidados não remunerados, à criação dos filhos e à manutenção do ambiente familiar. Esse papel faz com que o Dia das Mães seja visto como um reconhecimento necessário, uma forma de compensar o esforço contínuo e invisível na rotina doméstica.

Segundo um artigo bem-humorado do The Telegraph, o Dia dos Pais muitas vezes parece “feito de última hora”. O autor sugere que, em parte, os pais recebem menos presentes porque “tudo que precisam fazer é dar um charuto”, enquanto mães passam por toda a jornada da gestação e criação.

Um post em fórum Reddit resumiu com sarcasmo: “Mothering Sunday… é algo tradicional; Father’s Day foi criado mais recentemente, para vender cartões”.

Embora as mães frequentemente recebam mais presentes, afeto e visibilidade no seu dia, isso não diminui o valor dos pais. A atenção diferenciada reflete, em grande medida, a expectativa social de que as mães se sacrificam mais, se dedicam mais ao lar e aos filhos, construindo ambientes saudáveis e estáveis.

Segundo o estudo citado, muitos pais valorizam apenas estar com a família, sem grandes gestos, e isso os satisfaz plenamente.

O Dia das Mães tem uma simbologia mais forte tanto historicamente quanto culturalmente, resultado de papéis sociais profundamente enraizados e décadas de comercialização. O Dia dos Pais, embora estabelecido mais tarde, vem ganhando força conforme evolui a percepção sobre a participação paterna na criação e no afeto. Ambos são valiosos e merecem celebração, especialmente porque, na maioria das famílias, as mães realmente se doam mais no processo de cuidar do lar e dos filhos.