Ministério Público investiga possível uso de verba pública para custear serviço espiritual de R$ 380 mil

A vice-prefeita de Ribeira, no interior de São Paulo, Juliana Maria Teixeira da Costa (MDB), foi acusada pela mãe de santo conhecida como mentora Samantha de não pagar integralmente um ritual de “amarração amorosa” avaliado em R$ 380 mil. O caso está sob investigação do Ministério Público de São Paulo (MPSP), que apura a suspeita de uso de recursos públicos para custear o trabalho espiritual.

De acordo com Samantha, o serviço — que ela descreve como um “casamento espiritual”, teria sido encomendado para unir Juliana a um funcionário público do município. A líder religiosa afirma ter recebido pouco mais de R$ 40 mil como parte inicial do pagamento, quantia que teria sido repassada para evitar que a origem do dinheiro fosse revelada.

Na última segunda-feira (4/8), a Justiça determinou o afastamento de Juliana e do servidor envolvido das funções na prefeitura. Ambos são investigados por suspeita de desvio de dinheiro e improbidade administrativa, já que, segundo a denúncia, o homem também teria lucrado com o esquema.

Em vídeos publicados nas redes sociais, Samantha afirmou ter buscado materiais na África, benzidos pela mãe Jurema, de Salvador, para a realização do trabalho. Ela alega que desde o ano passado tenta receber o valor combinado, mas não obteve retorno direto da vice-prefeita.

Ainda segundo a mãe de santo, três advogados ligados à vice-prefeita teriam procurado negociar a quitação da dívida, com o objetivo de impedir que o Ministério Público tivesse acesso a supostas provas, incluindo conversas e registros sobre a origem dos recursos. Em áudios atribuídos a um dos advogados, ele afirma que “cada um vai enviar sua parte até chegar no montante de R$ 350 mil” e que ficaria responsável por repassar R$ 50 mil à líder religiosa.

Samantha diz ter recebido apenas parte do valor prometido e que o restante estaria previsto para ser pago no próximo dia 11 de agosto.

Sem solução, a mãe de santo afirma que chegou a procurar o prefeito de Ribeira, Ari do Carmo Santos (DEM), para cobrar o pagamento, mas não obteve apoio. “O prefeito não quis nem saber da pessoa que é o braço direito dele em Ribeira”, declarou.

Determinada a reaver a quantia, Samantha disse que seguirá buscando justiça:

“Eu vou até o final. Eu vou depor para quem for, mas vocês vão pagar um por um por vocês terem me enganado e me deixado no rombo.”

O MPSP ainda não divulgou detalhes sobre o andamento das investigações. Até o fechamento desta reportagem, a vice-prefeita e seus representantes não haviam se manifestado publicamente sobre as acusações.