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Parte Moisés Alencastro, e com ele um pedaço da alma da cultura e dos direitos humanos no Acre

A cultura acreana e a luta pelos direitos humanos amanheceram mais silenciosas nesta terça-feira. Foi encontrado morto, na noite da última segunda-feira, em seu apartamento, o produtor cultural e defensor dos direitos humanos Moisés Alencastro, figura profundamente respeitada e querida por artistas, militantes culturais, amigos e familiares.

Moisés não foi apenas um nome presente em projetos, eventos e articulações sociais. Ele foi, sobretudo, presença humana. Daquelas que escutam, acolhem, orientam e constroem pontes onde antes havia muros. Sua atuação atravessou gerações, linguagens artísticas e territórios, sempre marcada pelo compromisso com a dignidade, a diversidade e o acesso à cultura como direito fundamental.

Ao longo de sua trajetória, Moisés fez da cultura um instrumento de transformação social. Defendeu com firmeza os fazedores e fazedoras de cultura, acreditando que a arte é ferramenta de resistência, identidade e sobrevivência. Lutou para que vozes historicamente silenciadas tivessem espaço, visibilidade e respeito. Para muitos, foi mentor; para outros, parceiro incansável; para todos, um exemplo de coerência entre discurso e prática.

No campo dos direitos humanos, sua atuação foi igualmente marcante. Moisés acreditava que justiça social não é conceito abstrato, mas prática cotidiana no modo como se trata o outro, no combate às desigualdades, no enfrentamento de preconceitos e violências. Sua militância nunca foi distante ou burocrática: era vivida no diálogo, na escuta atenta e na defesa intransigente da vida.

A notícia de sua partida provocou comoção. Redes sociais, grupos culturais e espaços de memória se encheram de mensagens que falam de afeto, gratidão e saudade. A sensação compartilhada é a de uma lacuna imensurável, difícil de preencher. Faltará Moisés nas reuniões, nos bastidores, nas conversas longas, nos conselhos firmes e gentis. Faltará o amigo, o companheiro de luta, o articulador sensível.

À família, aos amigos e à comunidade cultural, resta agora o luto, mas também o legado. Um legado que não se encerra com a ausência física, porque continua vivo nas pessoas que ele inspirou, nos projetos que ajudou a construir e na consciência coletiva que ajudou a despertar.

Moisés Alencastro deixa um exemplo raro de humanidade em tempos difíceis. Sua história reafirma que a cultura salva, que os direitos humanos importam e que uma vida dedicada ao outro nunca é em vão.

Que sua memória siga iluminando caminhos.