A decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro de cancelar a entrevista que concederia ao portal Metrópoles nesta terça-feira (23) provocou incerteza entre integrantes do mercado financeiro e reacendeu especulações sobre o cenário político para as eleições presidenciais de 2026. Em um bilhete escrito à mão, Bolsonaro informou o cancelamento da entrevista e alegou questões de saúde.

Segundo lideranças do setor ouvidas pela coluna, o recuo de Bolsonaro pode indicar hesitação em confirmar publicamente o apoio ao filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), como candidato à Presidência da República. A entrevista era aguardada justamente como uma oportunidade para que o ex-presidente desse sinais claros sobre a sucessão dentro do grupo bolsonarista.

Flávio Bolsonaro tem se colocado como interlocutor político e pré-candidato natural para ocupar o espaço do pai na disputa pelo Palácio do Planalto. No entanto, a ausência de uma confirmação pública por parte de Jair Bolsonaro mantém o cenário indefinido e alimenta dúvidas entre investidores e analistas políticos.

Sem a confirmação do apoio a Flávio, o mercado volta a cogitar outros nomes da direita para a corrida presidencial. Um dos mais citados é o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), visto com bons olhos por setores da Faria Lima para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no pleito nacional do próximo ano.

Ainda de acordo com interlocutores do mercado, o cancelamento da entrevista teve reflexos imediatos na Bolsa de Valores. O Ibovespa, principal índice da B3, registrou alta minutos após a confirmação de que Bolsonaro não falaria com o Metrópoles, movimento interpretado como reação à possibilidade de um cenário político considerado mais previsível pelos investidores.