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Quando o Natal não chega: abandono marca a realidade de idosos no Lar dos Vicentinos

O silêncio que ecoa pelos corredores do Lar dos Vicentinos, em Rio Branco, é mais alto do que qualquer canção natalina. Onde normalmente se esperaria luzes, cores e gestos de afeto, o que se vê é um espaço sem decoração, sem enfeites e, principalmente, sem a presença humana que dá sentido ao Natal. Para muitos idosos que vivem ali, este ano a data chega marcada por um sentimento profundo de abandono e solidão.

O Lar é, hoje, o último espaço de convivência de homens e mulheres que ajudaram a construir a história de Rio Branco. São idosos que trabalharam, criaram famílias, contribuíram para o crescimento da cidade e, agora, passam os dias à espera de visitas que não chegam. O Natal, que deveria representar esperança e renovação, reforça a ausência: de familiares, de atenção do poder público e do olhar sensível da própria sociedade.

A falta de decoração não é apenas um detalhe estético. Ela simboliza a escassez de cuidado, de recursos e de iniciativas que poderiam transformar, ainda que por alguns momentos, a rotina desses moradores. Não há árvores iluminadas, nem músicas, nem atividades especiais que lembrem que aquela data é diferente das outras. Para muitos idosos, o dia 25 de dezembro será apenas mais um dia de espera.

Funcionários e voluntários fazem o possível dentro de suas limitações, mas a realidade é dura. O abrigo enfrenta dificuldades constantes e carece de apoio mais efetivo das autoridades e da população de Rio Branco. A ausência de políticas públicas contínuas e de ações comunitárias mais frequentes deixa evidente que o envelhecimento ainda é tratado com invisibilidade.

Entre olhares cansados e memórias guardadas, os idosos do Lar dos Vicentinos carregam histórias que mereciam ser celebradas. Histórias de luta, trabalho e pertencimento à cidade que hoje parece tê-los esquecido. O que muitos deles desejam neste Natal não são presentes ou grandes festas, mas algo simples e essencial: atenção, carinho e a sensação de não terem sido abandonados.

O Natal no Lar dos Vicentinos escancara uma realidade que vai além dos muros do abrigo. Ele convida à reflexão sobre como a sociedade trata seus idosos e sobre a responsabilidade coletiva de garantir dignidade, afeto e reconhecimento àqueles que ajudaram a construir o presente que hoje se vive.