
A ditadura do ‘shape’: o vício em redes sociais que lota academias e esconde a pressão estética por trás da saúde
A prática de exercícios físicos tem registrado um crescimento no país, impulsionada por um estilo de vida que se populariza rapidamente entre a população adulta mais jovem.
O que antes era motivado predominantemente por questões de saúde em faixas etárias mais altas, hoje é visto pelos mais novos como um estilo de vida e uma forma de identidade, um movimento amplamente difundido pelo fenômeno das redes sociais.
A adoção do exercício é claramente mais acentuada entre o público mais jovem. Segundo dados do Ministério da Saúde, obtidos por meio do Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), a prática regular de atividade física atinge 49,4% na faixa etária de 18 a 24 anos, diminuindo para 24,4% nos adultos com 65 anos ou mais.
Essa diferença se intensifica na motivação, conforme uma reportagem da CNN Brasil, enquanto a população mais velha trata o exercício como necessidade para a longevidade e saúde, os mais jovens adotam a prática como um estilo de vida, muitas vezes motivados pela estética e pelo desempenho.
As plataformas digitais, como Instagram e TikTok, atuam como catalisadores dessa tendência. Pesquisas indicam que a maioria dos adultos mais jovens se considera influenciada por conteúdos e influencers fitness, sentindo-se motivada a praticar exercícios físicos após consumir esses materiais, conforme apontado por estudos nas áreas de Nutrição Esportiva e Educação Física (Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, 2025; Revista Tópicos, 2023).
Contudo, essa forte conexão com o meio digital traz uma dualidade, embora incentivem a atividade física, o excesso de tempo de tela contribui para o comportamento sedentário de parte do público, e a pressão estética imposta pelas redes pode levar a práticas extremas, desviando o foco do bem-estar.
Dessa forma, a ascensão do exercício físico na rotina de adultos mais jovens é inegável e demonstra uma preocupação com o autocuidado que não era vista em gerações anteriores. No entanto, o papel das redes sociais nesse cenário exige atenção.
Segundo a Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, a busca por hábitos saudáveis precisa ser dissociada da mera replicação de modismos ou da pressão por um padrão corporal idealizado, garantindo que o movimento seja sustentável e beneficie, de fato, a saúde pública.