
A “fragilidade” de alguns vereadores contra a “força” de um suposto assediador
Por George Naylor
Na última semana, um tema tomou conta das rodas de conversas e das manchetes em Rio Branco: as denúncias de assédio atribuídas ao superintendente da RBTrans, Clendes Vilas Boas, já alvo de investigação pelo Ministério Público do Estado do Acre (MPAC).
Após se comprometer a prestar esclarecimentos na Câmara Municipal, o gestor não compareceu, apresentando um atestado médico como justificativa. A ausência, porém, vai além de um simples documento: simboliza o enfraquecimento do papel fiscalizador do Legislativo municipal, que mais uma vez se vê impotente diante de um episódio grave envolvendo assédio dentro da administração pública.
O silêncio do prefeito diante das acusações não causa surpresa. Estranho seria se, de imediato, tivesse acolhido as vítimas e afastado o acusado até a apuração dos fatos. Pelo contrário: o prefeito se manifestou publicamente afirmando que não afastaria o superintendente, deixando claro que a prioridade de sua gestão é blindar o aliado, mesmo diante da gravidade das denúncias. Essa escolha expõe uma administração que prefere proteger cargos a proteger pessoas.
Mais preocupante ainda é a possibilidade de o caso seguir o roteiro já conhecido: vereadores ignorados, vítimas desamparadas e o Ministério Público sobrecarregado como última instância de apuração. Se isso ocorrer, a mensagem transmitida será clara: em Rio Branco, denúncias de assédio podem ser tratadas como questão de conveniência política, e não como um problema sério de dignidade humana.
O município não pode se dar ao luxo de naturalizar esse tipo de conduta. Os servidores merecem acolhimento e respeito, os vereadores precisam exercer de fato o papel que lhes foi confiado pela população, e a Prefeitura deve deixar de fingir que nada acontece. Fingir neutralidade, nesse caso, é escolher um lado: o lado do silêncio e da impunidade.