A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a EMS a iniciar a produção de medicamentos à base de liraglutida no Brasil, um marco que coloca a empresa na liderança da corrida pelo equivalente nacional do Ozempic e impulsiona sua estratégia de internacionalização.
A companhia planeja expandir a comercialização das moléculas de liraglutida para mercados internacionais. Segundo Carlos Sanchez, presidente da EMS, o grupo projeta faturar US$ 2 bilhões no exterior e mais US$ 2 bilhões no Brasil nos próximos oito anos.
Os medicamentos aprovados pela Anvisa são o Olire, indicado para tratamento da obesidade, e o Lirux, destinado ao controle do diabetes tipo 2. Ambos estarão disponíveis nas farmácias brasileiras a partir de 2025, marcando a entrada da EMS como a primeira empresa brasileira a competir no mercado global de análogos de GLP-1.
“Desenvolvemos um produto totalmente nacional, utilizando tecnologia brasileira, desde a matéria-prima até o produto final. Isso reforça nossa liderança no setor farmacêutico com produtos de alta qualidade e impacto significativo”, afirmou Sanchez.
Potencial do mercado de GLP-1
A liraglutida, base dos medicamentos desenvolvidos pela EMS, é o princípio ativo do Saxenda, cuja patente já expirou. Já o Ozempic, que utiliza a semaglutida, ainda está sob patente até 2026, mas a EMS já possui a tecnologia e infraestrutura necessárias para produzir a substância localmente.
O mercado de medicamentos para obesidade apresenta grande potencial de crescimento. Um estudo do Barclays estima que o setor possa movimentar até US$ 199 bilhões anualmente nos próximos anos. Já os medicamentos para diabetes tipo 2 movimentaram mais de US$ 6 bilhões globalmente até agosto de 2023, consolidando-se como um segmento de grande relevância.
Como funcionam os medicamentos?
Os medicamentos Olire e Lirux utilizam tecnologia avançada para imitar a ação do GLP-1, um hormônio intestinal que regula o apetite e ajuda no controle dos níveis de insulina e açúcar no sangue.
• Olire: Indicado para obesidade e sobrepeso com comorbidades, possui dose diária de até 3 mg. Será comercializado em embalagens com uma, três ou cinco canetas, cada uma contendo 3 ml da solução (6 mg/ml).
• Lirux: Voltado ao diabetes tipo 2, tem dose diária recomendada de até 1,8 mg e será vendido em embalagens com uma, duas, três, cinco ou dez canetas.
Ambos exigem aplicações diárias, diferentemente da semaglutida, que permite aplicações semanais. Os medicamentos são fabricados com a tecnologia UltraPurePep, que garante alta pureza por meio do uso de peptídeos sintéticos.
Fábrica de última geração em Hortolândia
A produção piloto de Olire e Lirux ocorre em uma unidade fabril inaugurada em agosto de 2024, em Hortolândia (SP). Com 2,5 mil m², a fábrica tem capacidade inicial para produzir 20 milhões de unidades de canetas injetáveis por ano, podendo dobrar para 40 milhões a partir de março de 2025.
O projeto recebeu investimento de R$ 70 milhões, dos quais R$ 48 milhões foram financiados pelo BNDES. A unidade incorpora tecnologia de ponta, reforçando a capacidade da EMS de competir globalmente.
Com essa iniciativa, a EMS consolida sua posição como pioneira no mercado brasileiro de medicamentos baseados em GLP-1 e dá um passo importante em direção à internacionalização, alinhada às tendências globais de saúde e inovação.