Rio Branco, AC, 8 de janeiro de 2025 12:48
2f1031b1-9355-492c-8a64-45e3e42309b2-1.jpg

Ao dar o nome da falecida esposa ao elevado da Dias Martins, Bocalom pode estar ferindo o princípio da impessoalidade em Rio Branco

Facebook
X
WhatsApp
Threads

O brevemente inaugurado elevado da Avenida Dias Martins, o primeiro viaduto da história do Acre, de acordo com o Sebastião Bocalom (PL) tornou-se alvo de polêmica em Rio Branco. O prefeito decidiu batizar a obra com o nome de sua falecida esposa, Beth Bocalom, gerando questionamentos sobre a possível violação do princípio da impessoalidade, um dos pilares da administração pública brasileira.

De acordo com a Constituição Federal e outros normativos, como a Lei nº 9.784/99, o princípio da impessoalidade exige que atos administrativos sejam realizados com base no interesse público, sem beneficiar ou promover interesses pessoais. Especialistas e críticos argumentam que a escolha de um nome tão ligado ao prefeito pode ser vista como uma promoção pessoal, o que contraria os preceitos constitucionais.

O que diz a administração pública?

Embora a prática de homenagear personalidades locais seja comum em obras públicas, o caso do elevado da Dias Martins apresenta um ponto sensível por se tratar de um nome diretamente vinculado à figura do gestor atual. “O princípio da impessoalidade não proíbe homenagens, mas elas devem ser feitas com critérios objetivos e desvinculados de interesses pessoais ou familiares”, aponta um jurista ouvido pela reportagem.

Repercussão pública

A nomeação tem gerado reações mistas entre a população. Enquanto parte da comunidade vê a homenagem como um gesto sensível e digno, outra parte critica o prefeito por utilizar uma obra pública para perpetuar a memória de um ente querido que não desenvolveu nenhum trabalho relevante em Rio Branco.

Nas redes sociais, o debate também está acalorado. Alguns internautas elogiam o prefeito pelo tributo, enquanto outros apontam que há inúmeros nomes de figuras históricas acreanas que poderiam ter sido escolhidos para batizar o elevado, reforçando a identidade e a história do estado.

Impacto político

Além de suscitar debates éticos, a decisão pode ter implicações políticas para Bocalom, que enfrenta desafios em manter sua base aliada unida. A medida pode ser vista como um fator que amplifica tensões já existentes entre o Executivo e outros setores políticos em Rio Branco.

O que pode acontecer?

A nomeação do elevado pode ser questionada judicialmente, caso algum partido ou cidadão entre com uma representação no Ministério Público. Nesse caso, a Justiça pode determinar a alteração do nome, com base no princípio da impessoalidade.

Independentemente do desfecho, o episódio levanta uma reflexão mais ampla sobre como obras públicas devem ser nomeadas, reforçando a importância de critérios claros, participação popular e o respeito aos princípios que regem a administração pública.