Cansada, desmaiada ou morta? A gestão de Sebastião Bocalom representada pelo Papai Noel azul
Íam Arábar
O registro feito pelo talentoso fotojornalista Dell Pinheiro dispensa explicações. A imagem de um papai noel azul, deitado e completamente deslocado, repousando sobre o nome da Prefeitura de Rio Branco, é talvez o retrato mais fiel do segundo mandato de Sebastião Bocalom. Um símbolo sem sentido, desajustado, quase uma metáfora acidental de uma gestão que perdeu o prumo e a razão de existir.
Rio Branco atravessa um período que muitos já classificam como o pior de sua história recente. Falta água nas casas, impedindo moradores de executar tarefas básicas como lavar roupa ou limpar suas próprias residências. Falta ônibus que funcione, deixando trabalhadores à mercê do sol escaldante e da chuva, presos em pontos de parada onde a paciência se esgota junto com a esperança. Faltam respostas, faltam ações e falta, sobretudo, gestão.
Na saúde, servidores que estavam na linha de frente simplesmente foram excluídos do quadro funcional sem receber o que lhes é devido. Uma cidade inteira presencia a erosão dos serviços públicos enquanto a administração discursa, culpa, terceiriza e se distancia cada vez mais da realidade concreta da população.
Curiosamente, quando se trata de resolver problemas estruturais, sempre falta dinheiro. Mas para erguer uma casinha de papai noel com valor fora da curva, milagrosamente há orçamento. O contraste revela prioridades distorcidas e uma prefeitura que parece mais preocupado com cenários de fantasia do que com o cotidiano duro e imediato de quem vive na capital acreana.
Sebastião Bocalom já não governa. Terceirizou sua gestão, terceirizou suas decisões e terceirizou até a responsabilidade pelo caos instalado. A cidade se encontra entregue, amarrada a um sonho administrativo que nunca saiu do papel e que hoje já nem se esconde mais atrás das cortinas. Está exposto, evidente, estampado até mesmo na decoração natalina.
Rio Branco se tornou a sede do papai noel azul. Um símbolo deslocado, sem contexto e sem sentido. Assim como a gestão que insiste em representá-lo.
Foto: Dell Pinheiro