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Celebridades vendem sua imagem e voz para inteligência artificial e se tornam gêmeos digitais para perfis

A Meta, empresa responsável por redes sociais como Instagram e Facebook, lançou 28 perfis de inteligência artificial usando a imagem de celebridades para criar assistentes virtuais. As novidades, que incluem a modelo Kendall Jenner, o rapper Snoop Dogg e a socialite Paris Hilton, estão disponíveis para alguns usuários nos Estados Unidos e misturam imagens e mensagens geradas por IA com vídeos reais dos famosos.

Esses assistentes virtuais, que interagem e dão conselhos aos seguidores, fazem parte de uma estratégia da Meta para popularizar a tecnologia. O professor de Inovação da FGV, Kenneth Corrêa, explica que a ideia é aproveitar a imagem dos famosos para ter aquela pessoa próxima de você.

Segundo ele, a evolução da tecnologia GPT permitiu a criação de assistentes mais espertos, tornando a experiência mais realista em comparação a outras plataformas como a Alexa.

Embora ainda não haja previsão para a chegada ao Brasil, especialistas acreditam que é apenas uma questão de tempo. O professor Pedro Burgos, do Insper, aposta que esses tutores virtuais se tornarão comuns e poderão ter um impacto profundo em diversas áreas, inclusive na natureza humana.

“O seu professor de yoga vai ser uma inteligência artificial porque vai ser um tutor individualizado. Não só vai dar a aula como vai olhar sua postura e fazer observações. Essa possibilidade de você não ter apenas uma pessoa, mas um tutor é uma tendência. É muito difícil a futurologia, mas isso vai acontecer. A gente vai ver isso acontecer. O impacto da tecnologia é bastante profundo, não apenas para novos produtos, mas acho que ele pode mexer mais profundamente com coisas da natureza humana.”

A pesquisadora Stephanny Sato alerta, porém, para os riscos da tecnologia, como a perda de habilidades sociais e uma possível epidemia de solidão. Ela destaca que, ao interagir com uma IA que se ajusta às expectativas do usuário, as pessoas podem deixar de desenvolver a capacidade de lidar com interações humanas imprevisíveis.

“Numa interação humano a humano não necessariamente você está prevendo o que vai acontecer. E essas inteligências artificiais estão aproveitando essa possível necessidade humana de trazer o que o usuário espera. O maior perigo é você ficar exposto a uma condição que você não aprenda, não desenvolva outras habilidades. Quais habilidades sociais ela pode estar deixando de aprender e desempenhar?”, questiona a especialista.