Líderes do centro e da direita enxergam uma janela de oportunidade aberta após o anúncio da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro. A leitura dominante entre dirigentes partidários é de que a principal mensagem transmitida pelo senador não foi exatamente a sua entrada na disputa, mas a saída definitiva de Jair Bolsonaro do tabuleiro eleitoral de 2026.

Até ser preso pela tentativa de golpe no mês passado, o ex-presidente insistia em manter sua candidatura, mesmo estando inelegível. Em julho, repetiu que levaria o nome até o fim, estratégia semelhante à de Lula em 2018. A movimentação de Flávio, afirmando ter sido escolhido pelo pai para concorrer ao Planalto, mostra que Bolsonaro deixou essa ideia para trás, ao menos por agora.

Essa mudança reorganiza o cenário da centro-direita. O grupo rejeita embarcar em um projeto capitaneado por Flávio Bolsonaro e afirma ter lealdade apenas ao ex-presidente. Sem a presença direta de Jair Bolsonaro na disputa, dirigentes veem o caminho livre para construir uma candidatura própria, sem a necessidade de abrigar um nome da família.

A avaliação geral é que a família Bolsonaro tende a ficar isolada, agindo em um movimento descrito como modo desespero. Enquanto isso, partidos do centro e da direita devem acelerar conversas e organizar suas estratégias. A expectativa interna é de que as peças desse campo político sejam definidas nos próximos sessenta dias, abrindo uma disputa inédita desde 2018, agora sem o protagonismo direto do ex-presidente.