Rio Branco, AC, 8 de junho de 2025 06:36
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Cerol faz duas vítimas não fatais em Cruzeiro do Sul, e reacende debate sobre riscos em brincadeiras com pipas

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Dois moradores de Cruzeiro do Sul foram vítimas de linhas cortantes nesta semana, em incidentes distintos ocorridos em diferentes bairros da cidade. As ocorrências voltam a acender um sinal de alerta sobre o uso de cerol e linha chilena — práticas ilegais que transformam uma brincadeira aparentemente inofensiva em uma ameaça real à vida de pedestres e motociclistas.

O primeiro caso aconteceu na movimentada Avenida Lauro Muller, no bairro João Alves, onde Sebastião, de 56 anos, foi surpreendido por uma linha com cerol enquanto caminhava. A linha, solta e quase invisível, atravessava a via e representava perigo constante para quem passava pelo local.

Minutos depois, no bairro da Baixa, no centro da cidade, o entregador Luiz Felipe Oliveira do Nascimento, de 19 anos, também foi atingido, desta vez por uma linha chilena — ainda mais cortante. O jovem teve a garganta ferida e sofreu cortes profundos nos dedos ao tentar afastar o fio com as mãos. “Quando senti pegando na garganta, tentei parar com a mão, mas cortei todos os dedos. Era linha chilena, parecia um fio. Só consegui me salvar porque ando com um canivete e consegui cortar a linha”, contou, ainda visivelmente abalado.

O entregador lamentou o risco que muitos enfrentam diariamente: “Isso acontece direto aqui. Não sou o primeiro e nem vou ser o último. Sempre tem linha no meio da estrada, principalmente no fim de semana”, afirmou Luiz Felipe.

A empresa onde ele trabalha informou que adotará medidas de proteção, como a distribuição de protetores de pescoço para os entregadores. No entanto, o medo entre os profissionais é crescente. “Saí pra trabalhar e poderia não ter voltado. Minha mãe poderia ter me recebido de outro jeito”, desabafou.

Perigo recorrente e legislação

O uso de cerol e linha chilena é proibido por lei e considerado crime em diversas cidades brasileiras, inclusive no Acre. Além dos riscos de ferimentos graves, a prática pode causar mortes e prejuízos à segurança viária. As autoridades locais reforçaram a necessidade de ações mais rígidas de fiscalização e campanhas educativas.

A Polícia Militar informou que está intensificando as ações de fiscalização em áreas com alta incidência de soltura de pipas. A população pode denunciar a prática de forma anônima pelo telefone 190 ou por meio do aplicativo da PM.

Conscientização é essencial

Autoridades reforçam que o lazer deve ser seguro e responsável. “O uso de cerol transforma uma brincadeira tradicional em uma arma. Precisamos da colaboração de todos para evitar novas tragédias”, diz a nota da PM.

O alerta está lançado: é preciso união entre sociedade e poder público para coibir o uso de linhas cortantes, preservar vidas e garantir que soltar pipa continue sendo uma diversão — e não uma ameaça.