
Cerol faz duas vítimas não fatais em Cruzeiro do Sul, e reacende debate sobre riscos em brincadeiras com pipas
Dois moradores de Cruzeiro do Sul foram vítimas de linhas cortantes nesta semana, em incidentes distintos ocorridos em diferentes bairros da cidade. As ocorrências voltam a acender um sinal de alerta sobre o uso de cerol e linha chilena — práticas ilegais que transformam uma brincadeira aparentemente inofensiva em uma ameaça real à vida de pedestres e motociclistas.
O primeiro caso aconteceu na movimentada Avenida Lauro Muller, no bairro João Alves, onde Sebastião, de 56 anos, foi surpreendido por uma linha com cerol enquanto caminhava. A linha, solta e quase invisível, atravessava a via e representava perigo constante para quem passava pelo local.
Minutos depois, no bairro da Baixa, no centro da cidade, o entregador Luiz Felipe Oliveira do Nascimento, de 19 anos, também foi atingido, desta vez por uma linha chilena — ainda mais cortante. O jovem teve a garganta ferida e sofreu cortes profundos nos dedos ao tentar afastar o fio com as mãos. “Quando senti pegando na garganta, tentei parar com a mão, mas cortei todos os dedos. Era linha chilena, parecia um fio. Só consegui me salvar porque ando com um canivete e consegui cortar a linha”, contou, ainda visivelmente abalado.
O entregador lamentou o risco que muitos enfrentam diariamente: “Isso acontece direto aqui. Não sou o primeiro e nem vou ser o último. Sempre tem linha no meio da estrada, principalmente no fim de semana”, afirmou Luiz Felipe.
A empresa onde ele trabalha informou que adotará medidas de proteção, como a distribuição de protetores de pescoço para os entregadores. No entanto, o medo entre os profissionais é crescente. “Saí pra trabalhar e poderia não ter voltado. Minha mãe poderia ter me recebido de outro jeito”, desabafou.
Perigo recorrente e legislação
O uso de cerol e linha chilena é proibido por lei e considerado crime em diversas cidades brasileiras, inclusive no Acre. Além dos riscos de ferimentos graves, a prática pode causar mortes e prejuízos à segurança viária. As autoridades locais reforçaram a necessidade de ações mais rígidas de fiscalização e campanhas educativas.
A Polícia Militar informou que está intensificando as ações de fiscalização em áreas com alta incidência de soltura de pipas. A população pode denunciar a prática de forma anônima pelo telefone 190 ou por meio do aplicativo da PM.
Conscientização é essencial
Autoridades reforçam que o lazer deve ser seguro e responsável. “O uso de cerol transforma uma brincadeira tradicional em uma arma. Precisamos da colaboração de todos para evitar novas tragédias”, diz a nota da PM.
O alerta está lançado: é preciso união entre sociedade e poder público para coibir o uso de linhas cortantes, preservar vidas e garantir que soltar pipa continue sendo uma diversão — e não uma ameaça.