
Classe média entra no jogo: Lula libera novo crédito imobiliário e amplia sonho da casa própria no Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, na última sexta-feira (10), um novo modelo de crédito imobiliário que amplia o acesso da classe média aos programas habitacionais do país. A medida, apresentada durante o evento Incorpora 2025, em São Paulo (SP), busca atender famílias com renda entre R$ 12 mil e R$ 20 mil, que até então ficavam fora das faixas do Minha Casa, Minha Vida.
Segundo Lula, a mudança corrige uma “lacuna histórica” das políticas habitacionais brasileiras.
“Um trabalhador metalúrgico, um bancário, um professor… Essas pessoas não têm direito a comprar casa, porque nem são pobres, nem estão na faixa 1 ou 2 do Minha Casa, Minha Vida. Esse programa foi feito pensando nessa gente”, afirmou o presidente.
O novo modelo será financiado pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e contará com juros limitados a 12% ao ano. Além disso, o valor máximo dos imóveis financiados passa de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões, e a Caixa Econômica Federal voltará a financiar até 80% do valor total do imóvel.
Renda familiar atendida: entre R$ 12 mil e R$ 20 mil; Valor máximo do imóvel: de R$ 2,25 milhões; Financiamento: até 80% do valor do imóvel, via Caixa Econômica Federal; Taxa de juros: limitada a 12% ao ano, pelo SFH; Meta: financiar 80 mil novas moradias até 2026.
Lula destacou que a iniciativa pretende devolver à classe média o direito de escolher onde e como quer morar.
“O trabalhador de classe média não quer uma casa de 40 metros quadrados. Ele quer uma casa de 80 metros, num lugar onde esteja acostumado a viver. O que vamos tentar fazer é adequar as condições econômicas das pessoas, respeitando a dignidade humana de morar onde se sente bem”, disse.
A nova política habitacional também prevê mudanças no uso dos recursos da poupança. O governo anunciou o fim dos depósitos compulsórios no Banco Central, o que permitirá que 100% dos valores aplicados na caderneta sejam usados como referência para crédito habitacional.
Atualmente, 65% dos recursos da poupança são destinados ao crédito imobiliário, 15% ficam livres para operações financeiras e 20% são recolhidos ao BC. A expectativa é que, com a reestruturação, haja um aumento expressivo na oferta de crédito e um fortalecimento do setor da construção civil.
Nos últimos anos, o SFH perdeu espaço no mercado devido aos saques recorrentes da poupança, principal fonte de recursos para o crédito habitacional.
Somente em 2023 e 2024, as retiradas líquidas somaram R$ 87,8 bilhões e R$ 15,5 bilhões, respectivamente. Em 2025, o resgate líquido já chega a R$ 78,5 bilhões. O principal motivo, segundo especialistas, é a manutenção da taxa Selic em patamar elevado, o que leva investidores a migrarem para aplicações mais rentáveis.
Com as novas regras, o governo espera estimular o mercado imobiliário, gerar empregos e retomar o crescimento do setor da construção civil, um dos motores da economia brasileira.