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Críticas à escolha de María Corina Machado marcam polêmica em torno do Prêmio Nobel da Paz 2025

A decisão do Comitê Norueguês de conceder o Prêmio Nobel da Paz 2025 à líder da oposição venezuelana María Corina Machado provocou uma onda de críticas e levantou questionamentos sobre a credibilidade da premiação.

O economista Paulo Nogueira Batista Jr., ex-diretor executivo do FMI, foi um dos primeiros a se manifestar. Em publicação na rede social X, ele afirmou que o Nobel da Paz “perdeu credibilidade” ao premiar uma “política controlada por Washington”, em vez de reconhecer pessoas que lutam contra o “genocídio em Gaza”.

A crítica de Batista ecoou entre diversas autoridades latino-americanas. A presidenta do México, Claudia Sheinbaum, limitou-se a escrever “sem comentários” ao reagir à escolha do comitê. Também o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, e o ex-presidente boliviano Evo Morales manifestaram repúdio à decisão, classificando-a como politizada e distante do verdadeiro propósito do prêmio.

Entre os críticos também está a educadora em direitos humanos Marisol Guedez, do Observatório para Dignidade no Trabalho. Em entrevista ao jornal Brasil de Fato, Guedez afirmou que María Corina “não demonstrou nenhuma preocupação com a paz na Venezuela” e relembrou episódios em que a opositora teria convocado atos violentos no país. “Ela convocou eventos que saíram dos marcos jurídicos. Não eram espaços de encontro para uma via democrática com justiça social”, destacou.

No Brasil, lideranças da base governista compararam a atuação de Corina à do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), apontando semelhanças no apoio às sanções econômicas impostas à Venezuela pelo governo Donald Trump em 2017.

Por outro lado, representantes da direita brasileira, como o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), comemoraram nas redes sociais a escolha do comitê, classificando-a como um “reconhecimento à resistência contra o autoritarismo chavista”.

Em tom mais diplomático, o assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, afirmou em entrevista à CNN Brasil que a escolha “priorizou a política em relação à paz”.

“Não sei os critérios do Nobel, nem ponho em dúvida as qualidades pessoais de María Corina. Mas me pareceu interessante a observação de que o comitê priorizou a política em detrimento da paz”, comentou Amorim.

O episódio reacende o debate sobre a politização do Prêmio Nobel da Paz, tradicionalmente destinado a figuras ou organizações reconhecidas pela promoção do diálogo, da justiça social e da cooperação internacional. Para muitos analistas, a escolha deste ano reforça a percepção de que o comitê tem se afastado desses princípios em decisões recentes.