Alunos limpando as próprias salas, professores levando produtos de limpeza de casa e banheiros improvisados são parte da realidade de diversas escolas da zona rural do Acre. Essas condições precárias foram evidenciadas por fiscalizações realizadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-AC) e pelo Ministério Público do Acre (MP-AC), como parte do projeto nacional “Sede de Aprender”, que avalia as condições de abastecimento de água e saneamento nas unidades de ensino.
Segundo dados do Censo Escolar de 2024, das 1.523 escolas em funcionamento no Acre, 547 não possuem água potável e 240 não têm banheiros adequados. Esses números colocam o estado entre os piores do país em termos de infraestrutura escolar básica. Apenas 63,8% das escolas acreanas têm acesso à água potável, e somente 13,8% estão conectadas à rede pública de esgoto, de acordo com o Anuário Brasileiro da Educação Básica 2024.
O secretário de Educação e Esporte do Acre, Aberson Carvalho, afirmou que reformas foram realizadas em 2024 e que novas adaptações estão previstas para o final deste ano e para 2026. No entanto, a situação atual ainda é crítica, especialmente em áreas como Sena Madureira, onde a equipe da Rede Amazônica Acre acompanhou uma das fiscalizações.
A falta de infraestrutura adequada nas escolas não é um problema exclusivo do Acre. Em todo o Brasil, cerca de 6.658 escolas de educação básica funcionam sem acesso à água potável, afetando aproximadamente 744 mil estudantes. Além disso, 4.925 escolas não possuem banheiros, impactando 458 mil alunos. A maioria dessas instituições está localizada em áreas rurais, onde 75% das escolas sem água potável estão situadas, segundo dados do projeto “Sede de Aprender” e do Censo Escolar de 2024.
A precariedade das instalações escolares compromete não apenas a saúde dos estudantes e profissionais da educação, mas também o processo de ensino-aprendizagem. A falta de água potável e saneamento básico contribui para o aumento da evasão escolar e dificulta o aprendizado, especialmente de meninas em situação de vulnerabilidade.
Diante desse cenário, é fundamental que as autoridades locais e gestores públicos priorizem investimentos em infraestrutura escolar, garantindo condições adequadas para o desenvolvimento educacional e a dignidade dos estudantes e profissionais da educação.