
Discurso não basta: Acre está afundado na violência enquanto MPAC faz post falando sobre combate ao crime organizado, sem mostrar ações efetivas
Em meio a uma escalada de violência que assusta a população acreana, o Ministério Público do Estado do Acre (MPAC) divulgou uma publicação nas redes sociais destacando a fala do procurador-geral de Justiça, Danilo Lovisaro do Nascimento, sobre o combate às organizações criminosas. A declaração foi dada ao jornal O Globo, dentro da série especial “Conexões do Crime”, que investiga o fortalecimento das facções no Brasil.
Na entrevista, Danilo Lovisaro, que também preside o Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas (GNCOC), alertou para os riscos de as transferências de chefes do tráfico para presídios federais de segurança máxima acabarem fortalecendo as facções, ao permitir a aproximação e troca de informações entre criminosos de diferentes estados.
Apesar do discurso sobre estratégias nacionais e preocupações institucionais, a realidade no Acre é bem diferente do tom apresentado. O estado vive uma onda de criminalidade que parece fora de controle, com assassinatos, ameaças, extorsões e domínio de bairros inteiros por facções. Moradores relatam medo constante e sensação de abandono, enquanto o poder público, incluindo o próprio MPAC, limita-se a notas, discursos e publicações sem resultados efetivos no enfrentamento do problema.
A crítica que cresce entre os acreanos é a distância entre o discurso institucional e a vida real nas comunidades. Enquanto o Ministério Público fala em “combater o crime organizado” em nível nacional, o Acre segue dominado por ele — e a população, refém de uma violência que só aumenta.