Edital traduzido facilita acesso de mestres e artistas indígenas a recursos públicos
Os ministérios da Cultura (MinC) e dos Povos Indígenas (MPI) lançaram, na última sexta-feira (26), um modelo inédito de edital voltado à ampliação do acesso de mestres e artistas indígenas às políticas públicas de fomento à cultura. A iniciativa busca garantir o direito à cultura e democratizar o acesso aos recursos públicos destinados ao setor.
O principal diferencial do novo modelo é a possibilidade de tradução do edital para a língua indígena mais falada em cada região do país, permitindo que estados e municípios adaptem o documento à realidade linguística local. A medida enfrenta uma das principais barreiras históricas enfrentadas por povos originários: o acesso à informação em língua compreensível.
Como ponto de partida, o edital foi traduzido para o nheengatu — conhecida como Língua Geral da Amazônia — falada por cerca de 6 mil pessoas, especialmente na região do Vale do Rio Negro, na Amazônia. A escolha da língua marca um passo simbólico e prático no reconhecimento da diversidade linguística indígena e no respeito aos saberes tradicionais.
A ação integra a Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura e tem como objetivo ampliar a participação indígena nos mecanismos de financiamento cultural, valorizando expressões artísticas, saberes ancestrais e mestres da cultura tradicional. Ao permitir traduções para línguas indígenas, o governo federal busca fortalecer a inclusão, a autonomia e o protagonismo dos povos originários na formulação e no acesso às políticas culturais.
Segundo os ministérios envolvidos, a expectativa é que o modelo sirva de referência para estados e municípios em todo o país, estimulando a adoção de práticas mais acessíveis e inclusivas na gestão de editais públicos. A iniciativa também reforça o compromisso do Estado com a preservação das línguas indígenas e com a promoção da diversidade cultural brasileira.Foto: Felipe Beltrame / MPI