
Em meio a maior crise no sistema penitenciário dos últimos anos, presidente do IAPEN diz que prefere contratar psicólogos do que policiais penais
Uma fala do presidente do Instituto de Administração Penitenciária do Acre (IAPEN/AC), Marcos Frank, tem causado forte repercussão entre Policiais Penais e intensificado as críticas à gestão do sistema prisional no estado.
Durante uma reunião com autoridades governamentais, Frank afirmou que, diante da escolha entre convocar 100 Policiais Penais ou 10 psicólogos e 10 assistentes sociais, optaria pela segunda alternativa. A declaração, registrada em vídeo que circula em grupos de WhatsApp, provocou indignação na categoria, que vê no posicionamento do gestor um retrato de descaso com a realidade vivida dentro dos presídios.
“Eu ficaria na segunda opção, justamente por ter assumido o compromisso de mudar a mentalidade”, disse.
Para os Policiais Penais, tanto os já em atividade quanto os concursados que aguardam convocação, a fala ignora as condições críticas enfrentadas diariamente: fugas constantes, suspensão de visitas, sobrecarga de trabalho, adoecimento físico e psicológico dos servidores, além de casos de depressão e suicídio.
A pressão interna também cresce com o aumento de Processos Administrativos Disciplinares (PADs), que, segundo denúncias, têm sido utilizados como instrumento de opressão administrativa, agravando ainda mais o clima de insegurança e insatisfação.
O episódio reforça a percepção de que o sistema penitenciário do Acre atravessa uma crise sem precedentes, marcada por fragilidade estrutural, falta de investimentos e ausência de valorização dos profissionais que garantem a ordem nos estabelecimentos penais e, consequentemente, a segurança da sociedade.
Diante da repercussão, Policiais Penais cobram do governo estadual e do IAPEN respostas concretas e medidas urgentes para reverter o cenário de abandono e reconstruir a confiança entre a gestão e os servidores.