Em um momento marcado pela emoção, representatividade e conquista coletiva, foi inaugurada nesta semana a sede própria da Associação dos Amigos e Pais dos Autistas do Acre (AMPAC). A cerimônia contou com a presença de autoridades, familiares, profissionais da saúde e membros da comunidade, e foi celebrada como um marco histórico para o Acre no cuidado e acolhimento de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e outras neurodivergências.

Durante o evento, a vereadora Elzinha Mendonça destacou em discurso o simbolismo da nova sede, não apenas como estrutura física, mas como fruto de uma luta social construída ao longo de mais de uma década.

“Esse momento não é apenas a entrega de um prédio. É a materialização de uma trajetória feita de dores transformadas em propósitos, de angústias que se tornaram força coletiva, e de sonhos que agora ganham um endereço fixo, com portas abertas para acolher, cuidar, orientar e transformar vidas”, declarou a parlamentar.

A história da AMPAC teve início entre os anos de 2009 e 2010, quando o senhor Roberto Craveiro, ao perceber mudanças no comportamento do filho, começou uma longa jornada em busca de respostas. Sem apoio local, ele teve que sair do estado para ouvir, pela primeira vez, o diagnóstico de autismo. A ausência de estrutura e acolhimento no Acre impulsionou a formação de uma rede de apoio entre pais, amigos e profissionais — origem da entidade que hoje é referência no estado.

A AMPAC surgiu com o propósito de garantir direitos, promover inclusão e dignidade às pessoas autistas e suas famílias. E a sede recém-inaugurada representa um novo capítulo dessa trajetória.

Projeto “Mãos que Acolhem” é destaque

O novo espaço abrigará o Projeto “Mãos que Acolhem”, idealizado com apoio de emenda parlamentar destinada pelo mandato da vereadora Elzinha. O projeto oferece avaliação e diagnóstico multidisciplinar, terapias especializadas para crianças com TEA, TDAH e outras neurodivergências, além de um diferencial que emocionou o público: o cuidado com as mães.

Enquanto os filhos são atendidos, as mães terão acesso a espaços de cuidado e acolhimento emocional, com serviços como manicure, massagem, salão de beleza e rodas de conversa com apoio psicológico.

“Mães de crianças com deficiência também merecem ser cuidadas. Também têm o direito de respirar, de conversar, de serem ouvidas, de cuidar da sua saúde mental. Cuidar de quem cuida é cuidar de toda a família”, afirmou Elzinha.

Compromisso com políticas públicas permanentes

Em sua fala, a vereadora reafirmou o compromisso com a pauta da inclusão e da neurodiversidade enquanto estiver no poder público. Ela lembrou que ainda há desafios a enfrentar, como o acesso ao diagnóstico precoce, ampliação do número de profissionais na rede pública e o fortalecimento da educação inclusiva.

“Mas dias como hoje nos mostram que é possível. Que a união da sociedade civil com o poder público gera frutos. Que uma emenda parlamentar pode, sim, transformar vidas.”

A inauguração da sede foi encerrada com agradecimentos à diretoria da AMPAC, em especial à neuropsicóloga Susy Miranda, aos pais, profissionais e, sobretudo, às crianças — “a razão de tudo isso existir”.