A 8ª Conferência Nacional de Saúde (CNS), realizada entre 17 e 21 de março de 1986, em Brasília, é considerada um marco na história da saúde pública brasileira. Pela primeira vez, o evento contou com ampla participação da sociedade civil, reunindo mais de quatro mil representantes, incluindo usuários, trabalhadores da saúde e gestores. Essa conferência foi fundamental para estabelecer as bases do Sistema Único de Saúde (SUS), posteriormente consagrado na Constituição Federal de 1988.
Antes da 8ª CNS, as conferências de saúde eram eventos restritos a técnicos e autoridades do setor. A abertura para a sociedade civil representou um avanço significativo na democratização das políticas de saúde no Brasil. O lema “Democracia é Saúde”, proferido por Sérgio Arouca, presidente da conferência e líder do movimento sanitarista, simbolizou esse novo paradigma, enfatizando que a saúde é um direito de todos e um dever do Estado.
A 8ª CNS abordou três temas principais:
Saúde como direito Reformulação do Sistema Nacional de Saúde Financiamento setorial
As discussões resultaram em propostas que influenciaram diretamente o capítulo da saúde na Constituição de 1988, estabelecendo os princípios de universalidade, integralidade e equidade que norteiam o SUS.
A 8ª CNS consolidou a ideia de que a saúde deve ser acessível a todos os cidadãos, independentemente de sua condição social. O evento também destacou a importância do controle social e da participação popular na formulação e fiscalização das políticas de saúde. Esses princípios continuam a orientar o funcionamento do SUS, garantindo a sua natureza pública e universal.
