Na última terça-feira (18), a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 33 pessoas, acusando-os de crimes como tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e formação de organização criminosa. Entre os denunciados estão figuras proeminentes, como o ex-ministro Walter Braga Netto e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid.
A denúncia baseia-se em um inquérito da Polícia Federal (PL) que investigou uma suposta trama para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após as eleições de 2022. As investigações incluíram a análise de milhões de mensagens de áudio e vídeo coletadas dos celulares dos envolvidos, trabalho viabilizado por um programa desenvolvido especialmente para a Polícia Federal. Parte desse material foi obtida com exclusividade pelo programa “Fantástico”.
Parlamentares governistas defenderam a punição dos envolvidos, enfatizando a gravidade das acusações e a necessidade de proteger a democracia brasileira. A deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) destacou a seriedade das alegações, mencionando planos que incluíam até mesmo o assassinato de líderes políticos. Por outro lado, membros da oposição, como o deputado Zucco (PL-RS), criticaram a denúncia, classificando-a como “desprovida de evidências concretas” e uma “peça de ficção”.
A denúncia será analisada pela Primeira Turma do STF, composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux. Caso a maioria dos ministros aceite a denúncia, os acusados se tornarão réus e responderão a uma ação penal no Supremo. A data do julgamento ainda não foi definida, mas espera-se que ocorra no primeiro semestre de 2025.
As investigações também revelaram detalhes preocupantes sobre a suposta trama golpista. De acordo com a Polícia Federal, o ex-presidente Bolsonaro estava ciente e participou ativamente dos planos para impedir a posse de Lula, incluindo discussões sobre ações extremas. Essas informações foram obtidas por meio de interceptações de comunicações e depoimentos de envolvidos.
O desenrolar desse processo será crucial para o futuro político do país, testando a resiliência das instituições democráticas brasileiras e a capacidade do sistema judiciário de lidar com acusações de tamanha gravidade.