Enxerto de pele de tilápia acelera recuperação de lesões na córnea em cães e gatos
Pesquisadores do Núcleo de Produção e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) desenvolveram e testaram com sucesso um enxerto feito a partir de biotecido da pele de tilápia-do-nilo para tratar úlceras e lesões graves de córnea em cachorros.
A técnica cirúrgica, que utiliza uma membrana rica em colágeno como curativo pós-operatório, demonstrou ser eficaz na reparação celular e com tempo de cicatrização mais rápido em comparação com membranas biológicas importadas.
O estudo avaliou o tratamento em 60 cães, oferecendo uma solução especialmente promissora para raças braquicéfalas, mais suscetíveis a esse tipo de lesão.
O processo de fabricação do biotecido, segundo Mirza (pesquisadora), exige uma longa preparação em laboratório para a remoção de escamas e outras células da pele do peixe.
Apesar disso, o enxerto apresenta a vantagem de baixo custo de produção em comparação com membranas feitas de materiais bovinos e suínos importados, devido ao cultivo comum da tilápia no país.
Além da aplicação veterinária, os resultados positivos impulsionaram os pesquisadores a explorar o uso da matriz dérmica da tilápia em humanos.
Uma vertente de estudos investiga a utilização do material em cirurgias cranianas. Rodrigo Becco, doutorando em medicina translacional pela UFC, afirmou que a matriz dérmica da tilápia possui características semelhantes à dura-máter, a meninge externa que recobre o cérebro.
Becco destacou que o material não provoca processo inflamatório e atua de maneira eficiente como uma barreira mecânica. O próximo passo da pesquisa é obter autorização do Comitê de Ética da universidade para dar início aos ensaios clínicos em humanos.