Pelo menos 13 dos 22 municípios acreanos enfrentam disputas territoriais entre facções criminosas, segundo o estudo Cartografias da Violência na Amazônia, realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com o Instituto Mãe Crioula (IMC). O levantamento, publicado na última quarta-feira (11), abrange os estados da Amazônia Legal, destacando a escalada do crime organizado na região.
Presença de facções no Acre
De acordo com o estudo, Rio Branco e Senador Guiomard estão entre os municípios mais impactados, com a atuação de até três facções simultâneas. O Comando Vermelho (CV), de origem carioca, domina a maior parte do estado, superando facções locais como o Bonde dos 13 e a Irmandade Força Ativa Responsabilidade Acreana (IFARA). Além disso, o CV já ultrapassou as fronteiras do Acre, com presença consolidada em Cobija, na Bolívia, e nas regiões de Mariscal Ramón Castilla e Coronel Portillo, no Peru.
Por outro lado, municípios como Santa Rosa do Purus e Acrelândia permanecem livres da influência direta de facções, conforme apontado pela pesquisa.
Fronteira e crimes transnacionais
A localização estratégica do Acre, que faz fronteira com Bolívia e Peru, agrava a situação. O estudo identificou que a região enfrenta problemas graves, como tráfico de drogas, tráfico de armas, migração ilegal, biopirataria e pesca ilegal. Essas atividades ilícitas contribuem para o fortalecimento das facções e a intensificação da violência nas comunidades.
Impacto regional
A pesquisa ressalta que a dinâmica da disputa territorial é volátil, podendo mudar rapidamente em diferentes localidades. A expansão das facções é apontada como um fator de aumento da insegurança na Amazônia Legal, que abrange 772 municípios em nove estados, incluindo o Acre.
O estudo destaca a necessidade de políticas públicas integradas para conter o avanço das facções e mitigar os efeitos do crime organizado, especialmente em regiões de fronteira vulneráveis como o Acre.