Galvez realiza peneira no Rio de Janeiro e reacende debate sobre valorização dos atletas acreanos
Por Mikael Cardozo
O Galvez, clube do Acre reconhecido por seu trabalho de base, chamou atenção ao anunciar uma peneira para a categoria sub-17 na cidade de São Fidélis, no interior do Rio de Janeiro, visando a formação do elenco que disputará a Copa do Brasil 2026. A escolha do local, distante mais de três mil quilômetros de sua sede, rapidamente gerou questionamentos entre torcedores e observadores do futebol regional.
Afinal, enquanto jovens acreanos buscam espaço e sonham com oportunidades dentro de seu próprio estado, o clube optou por realizar uma seletiva em outra região do país. A decisão, embora estratégica do ponto de vista esportivo, reacende uma discussão importante: por que um time do Acre precisa buscar talentos tão longe quando há uma base local que também precisa ser vista, valorizada e incentivada?
Especialistas destacam que a expansão da captação para outros estados é uma prática comum em clubes que desejam montar elencos competitivos nacionalmente. No entanto, no contexto acreano onde a formação local luta há anos por maior apoio estruturado esse movimento ganha um peso simbólico. Para muitos, a ausência de uma peneira no próprio Acre pode ser interpretada como um sinal de que os atletas da região continuam à margem das grandes oportunidades.
Ainda assim, o Galvez sustenta que ampliar o mapeamento de atletas faz parte da estratégia para fortalecer o clube e alcançar resultados expressivos. A iniciativa em São Fidélis, segundo essa visão, coloca o time em diálogo com o cenário nacional e abre portas para talentos diversos.
Mas o debate permanece: como equilibrar a busca por competitividade com a responsabilidade de fomentar o futebol dentro do próprio estado?
Enquanto essa resposta não surge, a peneira no Rio de Janeiro deixa um recado claro e incômodo para alguns: o Acre continua produzindo talentos, mas nem sempre eles são os primeiros a serem procurados.