Estudos científicos internacionais voltaram a ganhar destaque nas redes sociais e reacenderam debates sobre sexualidade masculina, após apontarem que cerca de 1 em cada 5 homens que se declaram heterossexuais apresentou reações fisiológicas a estímulos homoeróticos. As pesquisas, no entanto, alertam que os dados vêm sendo frequentemente interpretados de forma simplificada e sensacionalista.

Um dos estudos mais citados foi conduzido por pesquisadores da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos. A análise observou respostas fisiológicas involuntárias, como excitação, em parte dos participantes ao assistirem a conteúdos com cenas entre pessoas do mesmo sexo. Segundo os cientistas, aproximadamente 20% dos homens avaliados demonstraram esse tipo de reação, mesmo se identificando publicamente como heterossexuais.

Especialistas ressaltam que resposta corporal não define orientação sexual. A excitação fisiológica pode ocorrer por diversos fatores curiosidade, novidade, estímulos visuais ou até reações automáticas do corpo sem que isso represente desejo afetivo, identidade ou comportamento sexual.

Outro levantamento, realizado pela Universidade de Essex, no Reino Unido, reforça essa visão ao apontar que a sexualidade humana não segue padrões rígidos. O estudo sugere que o desejo pode ser mais fluido e complexo, especialmente quando analisado sob aspectos biológicos e psicológicos, e não apenas sociais.

Pesquisadores e profissionais da área de saúde alertam que transformar esses dados em afirmações como “homens são gays em segredo” distorce o objetivo científico das pesquisas e pode reforçar estigmas. O consenso acadêmico é que a sexualidade envolve múltiplas camadas identidade, atração, comportamento e resposta fisiológica que nem sempre caminham juntas.

Apesar da polêmica, os estudos contribuem para ampliar o debate sobre diversidade sexual e para questionar visões simplistas sobre masculinidade, reforçando que o comportamento humano é mais complexo do que rótulos fixos conseguem explicar.