Médica admite erro em prescrição de adrenalina que resultou na morte de criança de 6 anos em Manaus
A morte do pequeno Benício Xavier de Freitas, de apenas 6 anos, após ser medicado de forma incorreta em um hospital particular de Manaus, segue gerando forte comoção e avança para uma investigação rigorosa por parte da Polícia Civil. A médica Juliana Brasil dos Santos admitiu ter cometido um erro na prescrição de adrenalina, o que levou a uma sequência de seis paradas cardíacas e, consequentemente, ao óbito da criança.
Benício deu entrada no Hospital Santa Júlia apresentando sintomas de tosse. Segundo o prontuário da unidade de saúde, a médica prescreveu adrenalina para o menino, mas a via de administração registrada foi a intravenosa (EV), quando a indicação adequada seria a via inalatória. O documento ainda indica que foram aplicados 3 ml da substância a cada 30 minutos, por três vezes, diretamente na veia, procedimento incompatível com o quadro apresentado e extremamente arriscado.
Pouco após a aplicação, o menino começou a apresentar piora imediata e foi levado às pressas para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde sofreu múltiplas paradas cardíacas. Ele não resistiu.
Trocas de mensagens entre a médica e o diretor de plantão registram o momento em que Juliana percebeu a gravidade da situação. Inicialmente, ela comunicou que havia prescrito adrenalina por inalação, mas que o medicamento teria sido administrado por via endovenosa. Em seguida, no entanto, a própria médica se corrigiu e assumiu ter errado na prescrição. Em “desespero”, relatou que o paciente não estava melhorando, enviou foto do monitor cardíaco do menino e informou que ele havia parado de respirar.
Em relatório formal, Juliana reiterou o erro ao prescrever a adrenalina pela via incorreta. A médica alegou que havia orientado a mãe sobre todas as medicações, enfatizando que a adrenalina deveria ser inalatória, e disse ter ficado surpresa ao saber que a equipe não teria questionado a conduta registrada no prontuário.
A técnica de enfermagem responsável pela aplicação da medicação, além da própria médica, prestou depoimento nesta sexta-feira (28). A Polícia Civil havia solicitado a prisão preventiva de Juliana Brasil, mas ela obteve habeas corpus e responderá ao processo em liberdade. O caso segue sob investigação e é tratado como homicídio doloso qualificado.
As autoridades agora buscam esclarecer em detalhes a cadeia de responsabilidades, enquanto a família de Benício aguarda justiça para a morte da criança.