
Nomeações sem critérios técnicos trazem à luz o “puxadinho de cargos” para resolver problemas pessoais no Governo do Acre
Nos últimos dias, edições do Diário Oficial do Estado do Acre vêm chamando atenção por uma série de nomeações que, segundo denúncias de bastidores, têm ignorado critérios técnicos e profissionais, colocando pessoas sem a devida qualificação em cargos estratégicos da administração pública.
Embora os institutos e autarquias estaduais tenham, em tese, autonomia para realizar nomeações, fontes internas revelam que essas decisões só são efetivadas com a anuência do Palácio Rio Branco, seja por meio da Casa Civil, seja com o aval direto do chefe do Executivo estadual. O instrumento mais utilizado nesse processo seria o Sistema Eletrônico de Informações (SEI), que, conforme relatos, dispara ordens expressas para que as nomeações sejam realizadas, mesmo quando os nomes indicados não possuem experiência comprovada para as funções.
A prática tem gerado desconforto entre servidores de carreira e especialistas em gestão pública, que veem o avanço de interferências políticas sobre estruturas que deveriam operar de forma técnica, independente e alinhada com o interesse público.
O problema não é só político, é também funcional. Quando alguém sem qualificação assume uma função estratégica, o serviço prestado à população é diretamente afetado, comentou um servidor que pediu anonimato.
Apesar de os cargos de confiança permitirem nomeações por critério de conveniência, a crítica se intensifica quando há repetição sistemática de indicações baseadas apenas em alianças políticas ou laços pessoais, enquanto quadros técnicos são ignorados ou preteridos.
O tema ganha ainda mais relevância em um momento em que o estado enfrenta desafios em áreas sensíveis como saúde, educação e infraestrutura. Para observadores da cena política local, o uso indiscriminado de cargos públicos como moeda de troca fere o princípio da moralidade administrativa e compromete a confiança da população na gestão do governo.
A expectativa agora é que os órgãos de controle e a sociedade civil fiquem atentos às futuras nomeações, exigindo mais transparência e responsabilidade nas escolhas que impactam diretamente o funcionamento da máquina pública acreana.