Rio Branco, AC, 25 de abril de 2025 20:14

Por trás das cortinas

Com Íam Arábar

Por trás
das cortinas

Com Íam Arábar

O que Rio Branco ganha com um gestor que não enxerga nada além da própria vontade?

Há tempos a cidade de Rio Branco assiste, de forma silenciosa, mas sofrida, o espetáculo de um gestor centralizador, personalista e refratário a qualquer opinião que não reflita o espelho de suas próprias vontades. Por trás das cortinas, do discurso oficial e das publicações nas redes sociais, há uma cidade que sangra, uma população que se sente esquecida, e um projeto de gestão que, ao invés de se abrir para o diálogo, fecha-se em torno da figura de um gestor para quem só o que ele acredita importa.

O que, afinal, ganha uma cidade quando governada assim? Quando o gestor, ao invés de ouvir as vozes múltiplas que compõem a sociedade, os pequenos agricultores, os profissionais de saúde, os educadores, os comerciantes, os jovens, os idosos, prefere escutar apenas o eco de suas próprias ideias ou daqueles que não discordam deste por medo de no dia seguinte, aparecerem “homenageadas” no Diário Oficial? Nada. O que se constrói quando as prioridades públicas se perdem na vaidade pessoal e nas disputas particulares de poder? Nada.

Rio Branco é uma cidade rica em história, cultura e potencial humano, mas carente de investimentos nas áreas mais essenciais. A zona rural, que há anos sobrevive à margem dos grandes debates, precisa de políticas públicas eficazes, que valorizem o pequeno agricultor e fomentem o desenvolvimento sustentável da economia local. A capital necessita, com urgência, de ações estruturadas para conter a escalada da violência urbana, que tem transformado bairros e comunidades em territórios de medo e insegurança. Algo que aparentemente não é uma dor para o gestor de Rio Branco.

Na saúde pública, as unidades básicas funcionam a duras penas. Faltam profissionais, medicamentos e, principalmente, respeito com quem depende desse serviço. Não se trata apenas de estruturas físicas, mas de um atendimento humano, empático, ético, onde o servidor seja capacitado, valorizado e tratado como peça fundamental para o bom funcionamento do sistema.

A educação, por sua vez, exige mais do que promessas e discursos inflamados. Rio Branco precisa garantir uma educação de qualidade, onde professores, merendeiras, auxiliares, gestores e todos os envolvidos sejam reconhecidos pelo papel essencial que desempenham. É preciso ir além da retórica: valorizar esses profissionais com salários justos, formação continuada e condições dignas de trabalho.

A cidade não pode mais tolerar uma administração baseada em birras políticas, mágoas pessoais e orgulhos infantis travestidos de autoridade. Rio Branco merece um líder que enxergue o cargo como missão pública, não como extensão de um projeto familiar ou de um quintal pessoal. Não há espaço, em pleno século XXI, para gestores que usam o poder para abrigar parentes, colocar esposas em cargos estratégicos ou se promover às custas da máquina pública.

O município precisa de maturidade política, de alguém que compreenda que governar é, antes de tudo, ouvir. Que dialogar com opositores não é sinal de fraqueza, mas de compromisso com o bem maior. Que fazer alianças republicanas, quando pautadas pelo interesse coletivo, é um ato de grandeza e não de traição política.

Rio Branco carece de uma administração que abandone os holofotes da autopromoção, que desça do palanque virtual, e que caminhe pelas ruas, escute sua gente e governe com o olhar voltado para o futuro. É preciso que se fechem as cortinas da vaidade e se levantem as do respeito, da responsabilidade, da gestão técnica, sensata e verdadeiramente popular.

A capital do Acre precisa, urgentemente, ser governada por um adulto. Por alguém que compreenda a complexidade da gestão pública e que tenha grandeza suficiente para colocar a cidade acima de suas vontades e ressentimentos. Porque Rio Branco não é palco para projetos pessoais. É morada de um povo digno, trabalhador, que merece mais, e melhor.