A tarde da última quarta-feira (12) foi marcada por tensão na Escola Municipal de Ensino Infantil (Emei) Antônio Bento, no Caxingui, zona oeste de São Paulo. O pai de uma aluna de 4 anos acionou a Polícia Militar após descobrir que a filha participou de uma atividade pedagógica em que desenhou a orixá Iansã, proposta baseada no currículo antirracista da rede municipal de ensino.

Segundo relatos de mães e funcionários, a situação teve início no dia anterior (11), quando o pai demonstrou insatisfação ao ver o material produzido pelas crianças. Ele chegou a rasgar um mural com os desenhos dos orixás que estava exposto na escola, ato presenciado por outros responsáveis.

Após o episódio, a direção convidou o homem para participar da reunião do Conselho de Escola, marcada para as 15h de quarta-feira, onde o caso seria discutido com transparência. O pai, porém, não compareceu. Em vez disso, acionou a PM alegando que a filha estaria sendo obrigada a assistir “aulas de religião africana”.

Por volta das 16h, quatro policiais militares — um deles portando uma metralhadora — entraram na unidade escolar. De acordo com testemunhas, os agentes afirmaram que a atividade poderia caracterizar “ensino religioso” e que a criança estaria sendo exposta a práticas de uma religião diferente da sua.