Rio Branco, AC, 19 de setembro de 2024 18:58
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PF apura exposição em massa de dados pessoais para intimidar delegados; PRF do Acre aparece na lista de acesso irregular

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A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que determinou a suspensão da plataforma X no Brasil tem como base uma investigação sobre vazamentos de dados pessoais de delegados da Polícia Federal, do próprio magistrado e de um empresário em ação coordenada para expor os agentes na internet.

Como revelou o UOL, foi no âmbito dessa investigação que a PF reuniu um relato de ameaça de Fábio Shor, delegado que atua nos principais inquéritos envolvendo Jair Bolsonaro e seus aliados e que comunicou à corporação ter sofrido ameaça uma semana após indiciar o ex-presidente no caso das joias.

A rede que acessou informações pessoais e sigilosas engloba o login no sistema Infoseg de 25 servidores públicos espalhados pelos estados que exercem diferentes atividades. Existe a posibilidade de que, em alguns casos, os servidores tenham sido vítimas de hackers que violaram um sistema sigiloso utilizando a credencial de acesso dos funcionários.

O Infoseg é uma rede nacional que integra informações dos órgãos de Segurança Pública, Justiça e de Fiscalização do país e ao qual apenas agentes públicos da área têm acesso. A base de dados permite acessar informações pessoais como endereços, telefones de contato, nome de pai e mãe, eventuais processos judiciais e eventuais registros de veículos e armas em nome da pessoa.

A investigação da PF identificou, por exemplo, que somente entre janeiro e março deste ano o CPF do ministro Alexandre de Moraes foi consultado no sistema sete vezes por logins vinculados a servidores públicos lotados em quatro estados: São Paulo, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Alagoas. Também há registro de uma consulta feita por um servidor do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região, que atende os estados do Acre e Rondônia.

Os dados mostram que o nome e os dados pessoais de Moraes continuam sendo buscados por servidores de diferentes regiões do país, mesmo após o ministro autorizar várias operações para desmantelar o grupo que atuava na chamada “Abin paralela” montando dossiês e monitorando até ministros do Supremo, segundo as investigações.

A lista de usuários que acessaram o sistema de maneira irregular inclui integrante de tribunal do trabalho; policiais rodoviários federais do Acre e SP; integrantes de guarda municipal; PF de Araçatuba (SP); PM de São Paulo, Alagoas, Amapá e Goiás; agentes da Polícia Civil de Pernambuco, Sergipe, Mato Grosso e Distrito Federal; perito criminal de Pernambuco; integrantes do Ministério Público de São Paulo e do Paraná; e até um juiz de São Paulo, entre outros.

O UOL teve acesso aos documentos do inquérito instaurado pela Polícia Federal em 18 de março para apurar a prática de obstrução de investigação, de organização criminosa e de incitação ao crime. O inquérito foi enviado ao ministro, que cita a investigação na decisão de suspender o X.

Reprodução: UOL