PT do Acre afirma que vai processar Coronel Ulysses, e diz que deputado fabrica mentiras contra ex-governadores
O Partido dos Trabalhadores do Acre (PT-AC) divulgou uma nota oficial nesta sexta-feira (31) rebatendo com firmeza as declarações do deputado estadual coronel Ulysses Araújo (PL), feitas durante entrevista ao podcast Papo Informal. Na ocasião, o parlamentar, aliado do bolsonarismo no estado, afirmou que governos petistas teriam cobrado propina de empresas privadas.
Em resposta, o PT classificou as afirmações como “falsas, levianas e irresponsáveis”, e disse que elas fazem parte de uma estratégia política para “distorcer fatos, criar inimigos artificiais e difamar reputações”.
Na nota, o PT defendeu a trajetória de seus ex-governadores, Jorge Viana, Binho Marques e Tião Viana, afirmando que todos administraram o estado “com transparência, probidade e avanços sociais reconhecidos”, e destacou que nenhum deles foi investigado, indiciado ou denunciado por corrupção.
“O Acre conhece a história e o legado dos ex-governadores petistas. Não aceitaremos que narrativas sem prova e inspiradas pelo ódio político tentem reescrever a história do estado”, diz o texto assinado pelo presidente estadual do partido, André Kamai.
PT questiona coerência das acusações e cita omissão do deputado
O partido também questionou a coerência das declarações de Ulysses, lembrando que, em 2014 período ao qual o deputado se refere, ele ocupava cargos estratégicos na Polícia Militar, como coordenador de operações e comandante do Comando de Policiamento Operacional (CPO I).
O PT destacou que, de acordo com o Código Penal Militar e o Código de Processo Penal, qualquer agente público tem o dever de agir diante de um crime em flagrante. “Se tivesse testemunhado ou recebido denúncia concreta de concussão, extorsão ou corrupção, o coronel teria a obrigação de agir e formalizar denúncia”, ressalta o documento.
Deputado foi promovido em governos petistas, lembra o partido
A nota ainda relembra que o próprio Ulysses foi promovido e nomeado subcomandante-geral da Polícia Militar em 2016, durante o governo de Tião Viana, o mesmo que agora acusa. Segundo o PT, durante todos os anos em que exerceu funções de comando, o então oficial jamais registrou qualquer denúncia, boletim de ocorrência ou comunicação formal sobre supostos crimes nas gestões petistas.
“É incompatível que alguém ocupe cargos de confiança em um governo, seja promovido por ele, nunca faça uma denúncia formal e, anos depois, construa acusações sem provas”, reforça a nota.
Partido cita contratos da empresa da esposa de Ulysses e fala em conflito de interesses
O PT também mencionou que a empresa Estação VIP Segurança Privada Ltda., pertencente à esposa do deputado, manteve contratos milionários com o governo estadual na atual gestão — alguns deles investigados pelo Ministério Público do Acre por suspeitas de irregularidades em licitações.
Para o partido, o caso revela “um evidente conflito de interesses” entre a atuação política do deputado e os benefícios econômicos de sua família, o que, segundo a sigla, “desmonta a narrativa de combate à corrupção” usada por Ulysses.
Diante do que classificou como “ataque à honra” e “mentiras deliberadas”, o PT anunciou que ingressará com ações nas esferas cível e criminal contra o deputado, além de encaminhar o caso ao Ministério Público.
“O partido confiará na Justiça e no discernimento do povo acreano. A verdade prevalecerá sobre o revisionismo político”, conclui a nota.