Quase metade das mulheres no Brasil relatam transtorno mental pós-pandemia
Um estudo recente, realizado pela ONG Think Olga, revelou um dado alarmante sobre a saúde mental feminina no Brasil, 45% das mulheres entrevistadas, com idades entre 18 e 65 anos, apresentaram diagnóstico de ansiedade, depressão ou outro tipo de transtorno mental no contexto pós-pandemia de Covid-19.
A pesquisa, que ouviu mais de mil mulheres em todo o país, lança luz sobre o impacto prolongado da crise sanitária, indicando que a sobrecarga e as mudanças sociais afetaram majoritariamente a população feminina.
O levantamento detalhou que a insatisfação com a própria saúde mental é mais intensa entre as mulheres pretas e pardas, atingindo 54% desse grupo. Além dos fatores psicossociais, a pesquisa destacou a relevância do papel econômico das mulheres: 38% delas são as únicas ou principais provedoras financeiras de seus lares.
Este acúmulo de responsabilidades, muitas vezes em conjunto com as tarefas domésticas e de cuidado, contribui significativamente para o quadro de estresse e adoecimento mental.
O resultado do estudo, conduzido pela Think Olga, reforça a urgência de uma atenção redobrada do Sistema Único de Saúde (SUS) e da sociedade às políticas de saúde mental voltadas especificamente para o público feminino.
A alta taxa de diagnóstico demonstra que a mulher, principal usuária da rede pública de saúde, necessita de um suporte mais robusto e especializado, que vá além do acompanhamento físico e considere o cenário de desigualdade social.
Especialistas defendem a implementação de programas que abordem a saúde mental de forma integrada e levem em consideração os recortes sociais e econômicos.
É fundamental que as políticas públicas reconheçam a dupla ou tripla jornada feminina, oferecendo redes de apoio e tratamento que ajudem a mitigar os fatores de risco que levam a ansiedade e à depressão, validando os achados da pesquisa da ONG.