Rio Branco, AC, 7 de janeiro de 2025 22:40
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Recomeço: Primeira turma de reeducandos da EJA é formada no Presídio Manoel Neri da Silva, em Cruzeiro do Sul

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A privação de liberdade não impediu que o reeducando F.S.S., de 34 anos, seguisse em busca de seus sonhos. Ele é um dos cinco detentos que concluíram o ensino fundamental II pela Educação de Jovens e Adultos (EJA), no Presídio Manoel Neri da Silva, em Cruzeiro do Sul. A formatura histórica ocorreu na tarde desta quinta-feira, 27, dentro do complexo penitenciário.

Com orgulho, F.S.S. compartilhou sua trajetória: “Cheguei aqui com apenas o 4º ano do ensino fundamental e hoje concluo essa etapa. Isso me traz imensa alegria, pois meu objetivo é mudar de vida quando for reintegrado à sociedade. Os estudos vão me ajudar a ser uma pessoa melhor”. Ele também revelou que planeja cursar enfermagem no futuro para retribuir cuidando da vida das pessoas.

Um marco da ressocialização

A iniciativa é fruto da parceria entre o governo do Acre, a Secretaria de Educação (SEE) e o Instituto de Administração Penitenciária (Iapen), ligado à Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). Essa ação não apenas promove cidadania, mas também oferece uma nova perspectiva aos reeducandos.

Outro formando, J.S.B., destacou a importância do projeto em seu discurso: “Cada um de nós trouxe sonhos para cá. Aqui aprendemos a ser resilientes e enfrentar desafios. A conclusão do ensino fundamental é uma vitória para todos nós”.

Além da formação educacional, os estudos também contribuem para a remição de pena: a cada 12 horas de aula, um dia é descontado do tempo de prisão. De acordo com Elvis Barros, diretor da unidade prisional, o critério para seleção dos estudantes é o bom comportamento. Ele reforçou que a educação é uma ferramenta poderosa para transformação: “Além da remição de pena, estamos preparando os detentos para o mercado de trabalho. Nossa meta para 2025 é ampliar o número de vagas na modalidade e implementar o ensino médio na unidade”.

Educação acelerada e cidadania

A formação dos reeducandos foi possível graças à Escola Plácido de Castro, que ofereceu a modalidade por dois anos e meio. A conclusão em tempo reduzido foi viabilizada por mudanças na matriz curricular da EJA.

“Embora estejam privados de liberdade, eles não estão privados de conhecimento. Com a nova matriz, foi possível formar essa turma em menos tempo, promovendo cidadania e abrindo novas oportunidades para essas pessoas”, destacou José Adriano Silva de Oliveira, coordenador local da EJA.

Essa conquista marca um importante passo para a ressocialização, demonstrando que a educação é um caminho fundamental para transformar vidas, mesmo nas condições mais adversas.