
Relembre como funcionava o esquema que traficava bebês do Brasil para o exterior nos anos 1980
Nos anos 1980, Arlete Honorina Vitor Hilú ficou conhecida por comandar um dos esquemas mais sombrios da história do país: o tráfico de bebês do Brasil para o exterior.
O grupo sequestrava recém-nascidos em maternidades ou cooptava famílias pobres para entregar ou vender os filhos por valores irrisórios. As crianças eram vendidas principalmente para famílias em Israel e na Europa, chegando a custar até US$ 10 mil, segundo registros da imprensa da época. Alguns casais estrangeiros chegaram a pagar ainda mais.
Curitiba, no Paraná, foi o principal centro de atuação da quadrilha. Antes de se envolver no tráfico, Arlete trabalhou na Penitenciária Estadual do Paraná, de onde foi demitida em 1981. Em 1983, assumiu o cargo de curadora especial de menores, ligado à Justiça do Paraná, posição que facilitou sua atuação no esquema ilegal.
Investigações posteriores mostraram que o tráfico de crianças também se estendia a Santa Catarina, envolvendo pagamento de propinas a servidores, magistrados e integrantes da rede de Justiça.
Depoimentos apontam que mães biológicas recebiam quantias em dinheiro, enquanto juízes e funcionários da Justiça participavam do esquema. Passaportes eram emitidos irregularmente por meio de contatos na Polícia Federal.
Arlete Hilú foi condenada por tráfico de crianças, falsidade ideológica, formação de quadrilha e retirada ilegal de menores do país. Ela foi presa duas vezes, em 1988 e 1992. Em entrevista de 2016, confessou os crimes e chegou a afirmar que se divertiu durante o período na prisão.
A líder do esquema morreu aos 78 anos em Porto Feliz, interior de São Paulo, em dezembro de 2023. A informação foi confirmada em 2024 pela família. Desde 2016, Hilú vivia em uma casa de repouso na cidade paulista.