
Rio Acre pede socorro: a fragilidade de um patrimônio em colapso
George Naylor
O Rio Acre, que historicamente abastece, alimenta e movimenta a vida de milhares de pessoas, atravessa um dos momentos mais críticos de sua história recente. O leito cada vez mais raso e o avanço da poluição transformaram o que já era um problema sazonal em uma crise permanente, colocando em xeque não apenas o equilíbrio ambiental, mas também a segurança hídrica da capital Rio Branco e de municípios vizinhos.
O cenário é preocupante. A cada dia, o rio evidencia sua fragilidade diante da estiagem prolongada, das mudanças climáticas e da falta de gestão eficiente. A prefeitura de Rio Branco, responsável por ações de manutenção e limpeza de igarapés e mananciais que alimentam o rio, tem falhado em adotar medidas não eficazes e duradouras, o trabalho precisa ser continuado e não somente midiático. O resultado é visível: canais obstruídos pelo lixo, esgoto despejado sem tratamento e afluentes que agonizam antes mesmo de desaguar no leito principal.
Especialistas alertam que a degradação do Rio Acre não é um fenômeno isolado, mas consequência de anos de descaso. A ausência de políticas de saneamento, aliada ao crescimento desordenado da cidade e ao desmatamento em áreas de nascente, acelera a degradação ambiental e compromete a saúde pública. Em períodos de seca, comunidades enfrentam a escassez de água potável; nas cheias, as enchentes se tornam cada vez mais violentas e frequentes.
Enquanto isso, a população ribeirinha e urbana sente o impacto no dia a dia: dificuldade de navegação, prejuízos à pesca e ameaça à subsistência. Mais do que um problema ambiental, o colapso do Rio Acre se revela como uma crise social que atinge diretamente a qualidade de vida da população.
Diante desse quadro, cresce o apelo por uma mobilização urgente e coordenada. O futuro do Rio Acre dependerá de medidas que vão além de ações pontuais de emergência: será preciso investir em saneamento básico, recuperação de igarapés, reflorestamento e fiscalização ambiental rigorosa.
O rio que já foi sinônimo de abundância agora pede socorro. Se nada for feito, o que hoje é uma situação crítica pode se transformar em um colapso irreversível e com ele desaparecerá não apenas um patrimônio natural, mas parte da identidade e da história do Acre.