Esta é a segunda vez que o país rompre com o pacto; primeira foi no mandato anterior de Donald Trump.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (20) a retirada do país do Acordo Climático de Paris, pacto que tem como objetivo minimizar os efeitos da crise climática.
A saída, no entanto, não deve interferir nas metas globais, uma vez que o país nunca esteve comprometido com o acordo, como avalia Claudio Angelo, coordenador de política internacional do Observatório do Clima, rede de entidades ambientais da sociedade civil brasileira.
“Nunca foi a vontade dos Estados Unidos estar nesses processos. E eles sempre atrapalharam”, diz. Esta é a segunda vez que o país deixa o acordo. A primeira retirada aconteceu em 2017, no primeiro governo de Donald Trump.
“Os Estados Unidos sempre foram um parceiro problemático nas negociações multilaterais de clima. Eles ameaçaram não assinar a Convenção do Clima em 1992, eles implodiram o Protocolo de Kyoto em 2001”, enumera Angelo.
O anúncio da saída do acordo, publicado no site oficial da Casa Branca, faz parte da lista das prioridades do governo Trump, que promete também investir na exploração de petróleo, mais um passo na contramão das medidas de minimização da crise climática.
A decisão veio poucos dias depois da confirmação da Organização Meteorológica Mundial (OMM) de que 2024 foi o ano mais quente já registado. O recorde de temperatura reforça a urgência das estratégias de redução de emissão gases poluentes, causadores do aquecimento global, como o dióxido de carbono (CO2).
André Guimarães, diretor executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), avalia a decisão como um atraso para uma agenda climática já pouco ambiciosa.
“E no momento em que deveríamos aumentar essa ambição, cerca de 20% a 25% das emissões [de gases poluentes] do planeta Terra, vindas dos EUA, saem da mesa de discussão”, aponta.
Os Estados Unidos são o segundo maior emissor global de CO2. No entanto, entre os dez maiores emissores do mundo, o país apresenta os níveis mais altos de emissões por habitante. A taxa de emissões per capita do país é o dobro da chinesa e oito vezes maior que a da Índia, de acordo com dados do instituto de pesquisa World Resources Institute (WRI), que tem atuação global. As informações são referentes ao ano de 2022.
Além disso, o país de Trump é o maior emissor histórico de CO2, tendo liderado o ranking desde 1887, quando ultrapassou o Reino Unido na quantidade de liberação de poluentes. Em 2005, a China saltou para a primeira posição, liderança que mantém até o momento.
Para Ani Dasgupta, presidente e CEO do WRI, a saída dos Estados Unidos não diminui a relevância do acordo.
“O Acordo de Paris continua sendo tão essencial quanto sempre foi. As negociações da ONU sobre mudanças climáticas são a única plataforma em que todas as nações têm voz ativa no combate a um dos maiores desafios do nosso tempo”, diz.
Fonte: Carolina Bataier Brasil de Fato | São Paulo (SP) | .