Enquanto setores da política local são rápidos em atacar seus adversários por muito menos, a direita acreana permanece em silêncio diante dos graves apontamentos envolvendo o senador Márcio Bittar (União Brasil-AC), reveladas proa Justiça Federal e expostas em reportagem do portal Metrópoles, de alcance nacional.
A decisão judicial, assinada pela juíza Luzia Farias da Silva Mendonça, da 2ª Vara Federal Cível e Criminal do Acre, aponta que Bittar utilizou emendas parlamentares para beneficiar irregularmente a Santa Casa da Amazônia, uma entidade que, segundo a magistrada, foi reativada com o objetivo de burlar impedimentos judiciais enfrentados pela Santa Casa de Rio Branco, alvo de execuções fiscais e débitos milionários.
Ainda de acordo com a sentença, as duas instituições compartilham o mesmo endereço e o mesmo gestor, o que evidencia, segundo a juíza, uma estratégia para confundir o patrimônio e driblar credores, mantendo repasses públicos mesmo com restrições legais. O caso também envolve suspeitas de promoção pessoal com recursos públicos: uma placa instalada na recepção do hospital exibe os nomes de Márcio Bittar, sua ex-esposa Márcia Bittar (PL) e do ex-presidente Jair Bolsonaro, este último, aliás, responsável por nomear Bittar como relator-geral do Orçamento de 2021, período em que os repasses milionários foram autorizados.
Apesar da gravidade dos fatos, lideranças da direita local, incluindo figuras ligadas ao próprio União Brasil e ao PL, têm optado por não se pronunciar. O silêncio contrasta com a postura combativa adotada por esses mesmos atores quando se trata de investigar ou denunciar adversários políticos, sobretudo os do campo progressista.
A ausência de manifestações públicas reforça a percepção de que há um esforço para blindar aliados e minimizar o impacto político do escândalo. Para muitos observadores, a falta de posicionamento é uma tentativa deliberada de proteger um dos principais nomes da direita acreana, mesmo diante de indícios robustos de desvio de finalidade no uso do dinheiro público.
Enquanto isso, a população acreana, que enfrenta diariamente os desafios de uma saúde pública precarizada, observa com indignação mais um episódio de possível uso político e irregular de recursos públicos, sem que os responsáveis sejam cobrados com a mesma intensidade que se vê em outros casos.