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Tentando ganhar licitação “no bico”, primo de Gladson põe em risco obras necessárias nos ramais do Juruá

A população da região do Juruá, no interior do Acre, corre o risco de ficar sem as obras de recuperação dos principais ramais previstos para este ano. O motivo é um impasse jurídico-administrativo que trava a licitação destinada a contratar empresas para a execução de serviços em estradas vicinais, acessos fundamentais para o escoamento da produção rural e a mobilidade de centenas de comunidades.

O entrave gira em torno da Concorrência Eletrônica nº 050/2025, que prevê um investimento total estimado em R$ 58,5 milhões, divididos em 14 lotes de obras. Os serviços contemplam pontos críticos, como o Ramal Jariana, no Alto Acre, além de diversas outras vias na região do Juruá — um território onde os ramais são a única ligação entre o campo e a cidade durante o verão amazônico.

No entanto, a licitação tem enfrentado sucessivos atrasos por conta de recursos administrativos protocolados por James Cameli, empresário, filho do ex-governador Orlei Cameli e primo do atual governador Gladson Cameli. Segundo apuração, a empresa de James tem apresentado contestação a praticamente todas as decisões desfavoráveis no processo, estendendo o prazo e elevando o grau de instabilidade jurídica da concorrência.

A postura do empresário vem sendo duramente criticada por concorrentes e até por técnicos envolvidos na licitação, que enxergam nas ações uma tentativa de vencer “no tapetão”, usando manobras jurídicas para barrar o andamento natural do certame. Na prática, enquanto os recursos se acumulam, as máquinas seguem paradas e as estradas continuam intransitáveis para milhares de produtores rurais.

Especialistas alertam que, se o impasse persistir, as obras não serão executadas dentro da janela climática ideal, o que comprometeria diretamente a próxima safra e o abastecimento de alimentos nas cidades. O prejuízo recairia sobre os ombros de comunidades inteiras que dependem dos ramais não apenas para trabalhar e vender seus produtos, mas também para estudar, receber atendimento médico e ter acesso ao básico.

A apreensão é crescente entre os moradores da região, que acompanham o processo com indignação. Para muitos, o que deveria ser um trâmite técnico, baseado em critérios de capacidade operacional e menor preço, está sendo contaminado por interesses pessoais e disputas políticas internas.

Enquanto o processo não avança, milhares de famílias vivem na incerteza, e o Acre segue enfrentando um velho dilema: o atraso que nasce não da falta de recursos, mas da má condução da máquina pública e da instrumentalização do Estado por grupos familiares.

Com informações do portal de notícias Ac24h.